Política
15/04/2014 09:00:00
Moka sugere que levantamento sobre violência contra a mulher seja refeito
O resultado inicial criou um ruído que permaneceu. Repetir a pesquisa é fundamental, porque parece que o próprio erro justificou a situação, e isso ficou muito ruim.
Da redação/PCS
O presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS),\n senador Waldemir Moka (PMDB), sugeriu à direção do Instituto de Pesquisa\n Econômica Aplicada (Ipea) que seja refeita a pesquisa com o objetivo de avaliar\n a opinião dos brasileiros e brasileiras sobre práticas de violência contra a\n mulher.\n \n \n \n Em audiência pública sobre o tema, realizada nesta\n terça-feira (15) pela CAS, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e\n Legislação Participativa (CDH), o senador Moka lembrou que os dados divulgados\n - e depois corrigidos pelo IPEA - tiveram graves consequências. \n \n O resultado inicial criou um ruído que permaneceu.\n Repetir a pesquisa é fundamental, porque parece que o próprio erro justificou a\n situação, e isso ficou muito ruim. Se são 65% das pessoas ou 26%, não importa,\n a visão ainda é muito grave, contestou o senador.\n \n \n \n Moka, que preferiu participar dos debates e deixar\n que as senadoras presidissem a reunião, se referiu à pergunta que tentou\n traduzir a visão dos entrevistados sobre a questão do estupro e que motivou\n reações nas redes sociais e repercussão internacional.nbsp;\n \n \n \n Segundo a primeira divulgação do relatório, 65,1%\n concordam com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo\n merecem ser atacadas", mas depois o Ipea reconheceu o erro em relação ao\n dado. Diferente do divulgado inicialmente pelo Instituto, 26% dos brasileiros\n concordaram com a pergunta e não 65%.\n \n \n \n O senador analisou também os questionamentos e\n metodologia do levantamento. Perguntar para as pessoas, por exemplo, que se\n em briga de marido e mulher se coloca a colher é repetir um ditado popular. Claro\n que muita gente vai concordar, porque a frase está no cotidiano do brasileiro,\n destacou o senador ao comentar os resultados sobre violência. A senadora Lídice\n da Mata (PSB-BA) apoiou as ponderações do presidente da CAS. \n \n \n \n Divulgado sob o título "Tolerância social à\n violência contra as mulheres", o relatório concluiu que 58,5% dos\n entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase\n "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".\n Ainda segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou\n parcialmente (7,6%) da afirmação e 3,6% se dizem neutros em relação à questão.\n \n \n \n Houve uma reação encadeada de críticas,\n especialmente por meio das redes sociais. A jornalista Nana Queiroz, uma das\n convidadas para a audiência no Senado, lançou a campanha Não mereço ser\n estuprada, seguida por homens e mulheres. Durante o debate nas Comissões, ela defendeu a\n necessidade de campanhas e políticas sociais que incluam a concientização. O\n brasileiro não tem ideia da violência que é o estupro, alertou ao relatar\n casos de crianças víimas de violência sexual.\n \n \n \n Participaram também o diretor de Estudos e\n Políticas do Estado, Instituições e da Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira; a\n coordenadora geral de Ações de Prevenção em Segurança Pública, da Secretaria de\n Segurança Pública do Ministério da Justiça, Beatriz Cruz; o coordenador de\n Indicadores e Informações em Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos\n da Presidência da República, Andrei Suárez Dillon Soares; e a secretária\n Adjunta de Enfretamento à Violência Contra as Mulheres da Secretaria de\n Políticas para as Mulheres, Rosângela Rigo. nbsp;\n \n \n \n A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM),\n vice-presidente da CAS, lembrou a importância do investimento em políticas\n públicas de combate à violência contra a mulher e ressaltou propostas\n legislativas já aprovadas pelo Congresso, como o projeto que obriga o Sistema\n Único de Saúde (SUS) atenda as mulheres vítimas de violência. Anunciou ainda\n que a Procuradoria da Mulher do Senado pediu que o Ministério Público e o\n Ministério da Justiça investiguem publicações na internet que possam incitar a\n violência contra a mulher. \n \n \n \n A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da CDH,\n pretende realizar outros debates sobre o assunto. Colocamos foco no tema e não\n podemos nos omitir, concluiu a senadora.