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Política
16/03/2018 11:39:00
Polícia investiga se um segundo carro deu cobertura a assassinos de vereadora e motorista
Veículo teria se unido a um Cobalt que perseguia o carro da vereadora desde a Casa das Pretas, na Lapa, onde ela tinha participado de um evento.

G1/PCS

Carro da vereadora Marielle Franco foi atingido por 13 disparos (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)

A polícia investiga a participação de um segundo carro no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro. De acordo com os investigadores, quando a vereadora voltava de um evento na Lapa, esse veículo passou a seguir o carro de Marielle junto com um Cobalt com placa de Nova Iguaçu. As imagens não foram divulgadas pela polícia.

Ainda não foi informado o modelo desse outro carro nem se dele foram disparados tiros que mataram Marielle e Anderson.

Segundo a polícia, o Cobalt já estava estacionado perto da Casa das Pretas quando Marielle chegou para mediar um debate na noite de quarta-feira. No momento que o carro da vereadora estacionou, um homem saiu do Cobalt e falou ao celular.

Cerca de duas horas depois, Marielle foi embora no carro com uma assessora e o motorista. O Cobalt também saiu, piscou o farol e seguiu o carro de Marielle. De acordo com a investigação, no meio do caminho, o segundo veículo entrou na perseguição.

Em uma nova perícia feita no fim da tarde desta quinta-feira (15), ficou constatado que 13 disparos atingiram o veículo em que Marielle estava: nove na lataria e quatro no vidro. Os assassinos usaram uma arma 9 mm para executar o crime.

Durante todo a quinta-feira, a polícia coletou informações no local do crime e com testemunhas, como uma assessora de Marielle que também estava no carro e não foi atingida pelos tiros.

Marielle Franco e Anderson foram mortos a tiros na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, Centro do Rio, por volta das 21h30. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução, pois os criminosos fugiram sem levar nada.

Polícia Civil do Rio acredita que os assassinos seguiram o carro de Marielle por cerca de 4 km, desde o momento em que ela saiu do evento na Lapa até o local do crime. Segundo o novo chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, a principal linha de investigação é execução.

Segundo a investigação, Marielle não tinha o hábito de andar no banco de trás do veículo, que tem filme escuro nos vidros. Na noite de quarta, no entanto, ela estava no banco traseiro quando o crime ocorreu, o que seria mais um indício de que os assassinos estavam observando a vítima há algum tempo.

Os criminosos fugiram sem levar nada. Policiais da Divisão de Homicídios buscam imagens de câmeras de segurança que possam ter registrado o crime.

Segundo a polícia, os disparos foram efetuados a cerca de dois metros do carro das vítimas. A perícia constatou que os tiros entraram pela parte traseira do lado do carona, onde Marielle estava sentada, e três disparos acabaram atingindo o motorista. De acordo com a Divisão de Homicídios, o atirador seria experiente e sabia o que estava fazendo.

Além da assessora que estava no carro com Marielle, a polícia já ouviu ao menos mais uma testemunha do crime. O secretário Estadual de Direitos Humanos do Rio, Átila Alexandre Nunes, afirmou que o órgão está deixando o programa de proteção à disposição das testemunhas da morte de Marielle Franco.

Disque-denúncia

Disque-denúncia lança cartaz para pessoas fazerem denúncias da morte de Marielle Franco e Anderson (Foto: Divulgação)

O Disque Denúncia já tinha recebido, até a noite desta quinta, 10 denúncias sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. À tarde, o serviço de denúncias divulgou cartaz pedindo informações sobre o caso.

"Estamos diante de um caso extremamente grave que atenta contra a dignidade da pessoa humana, que atenta contra a democracia. Quero agradecer ao deputado Marcelo Freixo por ter vindo à chefia da Polícia Civil, é uma demonstração de apreço e respeito pela instituição. Vamos adotar todas as formas possíveis e impossíveis para dar resposta a este caso gravíssimo", disse o novo chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, na manhã desta quinta.

A declaração foi feita ao lado do deputado Marcelo Freixo (PSol). Segundo o parlamentar, não havia nenhuma ameaça contra a colega de partido. Freixo disse ter conversado com familiares e amigos de Marielle, que confirmaram as informações.

"Quem matou a Marielle tentou matar a possibilidade de uma mulher negra, nascida na Maré, feminista, estar na política. Isso não é aceitável em qualquer lugar do mundo. Vamos exigir até o último momento que se descubra o que aconteceu", garantiu Rivaldo.

Durante toda a quinta-feira, milhares de pessoas se concentraram diante da Câmara Municipal, onde Marielle trabalhava, para uma última homenagem à vereadora e a Anderson Gomes.

Os corpos de Marielle e Anderson foram enterrados por volta das 18h sob forte emoção de amigos e de familiares.