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O único deputado estadual que não foi citado nas delações da JBS, Paulo Corrêa (PR), será presidente da Comissão Especial para apurar denúncia de eventual crime de responsabilidade do governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB).
Ontem, durante a primeira reunião da comissão, integrantes já aprovaram envio de requerimento para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, solicitando dados oficiais da denúncia feita pelo dono da JBS, Joesley Batista. “Teremos cópia dessa delação premiada para trabalharmos com fatos reais e aí vamos tomar as providências cabíveis”, declarou Corrêa.
Além de Paulo Corrêa, mais quatro parlamentares integram a comissão: Eduardo Rocha (PMDB) como vice-presidente, Flavio Kayatt (PSDB), Marcio Fernandes (PMDB) e Pedro Kemp (PT), todos citados nas delações da JBS. Os nomes dos parlamentares foram divulgados no jornal Estadão, na edição do dia 23 de maio.
Os parlamentares não têm previsão de quando as investigações vão terminar. “No máximo em 90 dias o relatório tem que ficar pronto. Eu queria que resolvesse isso logo”, disse Rocha anteriormente.
Denúncias passadas
O presidente da Comissão Especial, que vai investigar Azambuja, Paulo Corrêa, dessa vez não foi citado, porém, já foi alvo de investigações por burlar folha de ponto de funcionários ‘fantasmas’ lotados em seu gabinete.
Em outubro do ano passado, áudio foi divulgado revelando conversa entre dois deputados estaduais negociando fraude em folhas de pontos de servidores da Assembleia Legislativa. Na conversa, Paulo Corrêa orienta Felipe Orro (PSDB) a fraudar documentos para garantir que nenhuma irregularidade fosse descoberta.
Assim que o deputado Paulo Corrêa atende ligação de Orro, no próprio gabinete da Assembleia, o deputado deixa claro que o assunto que irá tratar com o colega é sigiloso e sério. São pouco mais de 3 minutos de conversa.
O deputado do PR se revolta em razão de Orro não estar sabendo do que “está sendo feito em todo Brasil”. “A Rede Globo está entrando nas assembleias legislativas do Brasil inteiro e onde que ela pega você. Você e eu temos bastante, você sabe o que você eu temos bastante, não sabe? Põe um controle de ponto. Mesmo que seja fictício, do começo do ano até agora, pega o seu chefe de gabinete e manda agir”, disse Corrêa, por telefone.
Enquanto Paulo Corrêa dá as orientações ao colega, Orro não responde nada e continua ouvindo. “Todo dia aquelas pessoas têm que assinar o ponto até que passe esse rolo aí, tá bom?”. O deputado do PSDB confirma que entendeu a mensagem e questiona o que fazer com trabalhadores que “estão na base”, ou seja, trabalham nas cidades onde os deputados foram eleitos.
“Tem que tomar muito cuidado, faz o seguinte, quando nós voltamos? Fevereiro? De 15 de fevereiro para cá faz o ponto e manda todo mundo assinar. Vamos dizer que você tenha 20 em cota normal, mas tem mais 20? Faz os 40 assinar”, disse Corrêa.
Na época, a Assembleia também criou comissão especial para investigar se os deputados praticaram quebra de decoro parlamentar. O Legislativo inocentou os parlamentares, porém, quatro advogados haviam protocolado pedido de cassação dos envolvidos no Ministério Público Estadual (MPE). Todos os documentos foram encaminhados ao MPE e em março, os parlamentares foram intimados para apresentar explicações sobre funcionários fantasmas.