A polêmica em torno da compra, pela \n Petrobras, de uma refinaria obsoleta no Texas, Estados Unidos, que \n resultou num prejuízo de mais de US$ 1 bilhão para a estatal brasileira,\n acabou respingando no senador Delcídio do Amaral (PT), pré-candidato a \n governador de Mato Grosso do Sul.

O presidente do Senado, Renan \n Calheiros (PMDB), e Delcídio têm trocado acusações públicas sobre quem \n seria o responsável pela indicação de Nestor Cerveró, responsável pelo \n parecer favorável à compra da refinaria de Pasadena, quando era diretor \n internacional da Petrobras. Atualmente, Cerveró é diretor financeiro da \n BR Distribuidora.\n \n Ontem, o senador Renan Calheiros garante que\n Delcídio fez a indicação. "O Delcídio deve estar preocupado com relação à\n indicação, mas eu queria, de antemão, dizer que o Delcídio não deve ficar\n preocupado. O Delcídio certamente não indicou Cerveró para roubar a\n Petrobras", disse Renan, em tom de ironia. "Ele (Cerveró) ter ficado\n na Petrobras é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a saída dele",\n defendeu Renan.\n \n Anteriormente, o senador de MS tinha\n atribuído ao peemedebista a apadrinhamento de Cerveró, que assumiu o cargo de\n diretor internacional da Petrobras no início de 2003, primeiro ano do governo\n Luiz Inácio Lula da Silva. A compra da refinaria norte-americana aconteceu em\n 2006, quando a atual presidente da República, Dilma Roussef, era ministra-chefe\n da Casa Civil. Dilma também foi presidente do Conselho de Administração da\n Petrobras e votou a favor da compra, baseando-se no parecer de Cerveró.\n \n A aquisição da refinaria é investigada pela\n Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União, pelo Ministério Público e\n pelo Congresso, por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Segundo a\n Presidência da República, o conselho de administração da estatal baseou-se em\n um parecer que estava incompleto e continha informações falhas nos aspectos\n técnicos e jurídicos.\n \n Na quarta-feira à noite, em razão do aval de\n Dilma ao negócio, houve um intenso debate entre os senadores no plenário,\n puxado principalmente pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), que cobrou\n explicações do governo federal. Aécio questionou as explicações do governo\n federal para a autorização da compra da refinaria americana.\n \n “Por que uma refinaria obsoleta que não tinha condições de refinar o\n petróleo pesado brasileiro, adquirida no ano de 2005 por US$ 42,5 milhões, foi\n adquirida em 50% de sua participação por US$ 360 milhões e, alguns anos depois,\n a outra parte por US$ 830 milhões?”, indagou Aécio Neves. “Não há justificativa\n que não seja a gestão temerária do patrimônio de todos os brasileiros”,\n afirmou.\n \n Delcídio nega\n \n O senador Delcídio Amaral, que já foi diretor da Petrobras, admite que foi\n consultado pelo governo federal sobre a indicação de Cerveró, mas nega tê-la\n feito. "Eu fui consultado pelo governo por conhecer os quadros da\n Petrobras, mas foi o Renan quem bancou o nome do Nestor. O Nestor é uma\n indicação do Renan", garantiu o petista, em entrevista ao blog de Gerson\n Camarotti.\n \n Também contestou as especulações de setores\n do governo de que teria influenciado na decisão da compra da refinaria de\n Pasadena pela Petrobras no ano de 2006. "Eu não sabia que eu era tão\n poderoso para influenciar um negócio bilionário", ironizou o parlamentar.\n "É bom lembrar que naquela ocasião eu era visado por todo mundo durante 24\n horas , já que eu estava no comando da CPI dos Correios. Como poderia estar preocupado com os negócios da\n Petrobras?", questionou.\n \n Delcídio foi procurado pelo Campo Grande News para falar\n sobre o assunto, mas segundo informações de sua assessoria de gabinete estava\n em audiência fora do Senado. Até o fechamento desta matéria, o senador não deu\n retorno ao jornal.\n \n \n