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“Não tomo café, tomo cappuccino”, disse o ex-governador André Puccinelli (PMDB) ao chegar, pouco antes das 9h desta sexta-feira (11), à sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Ele foi prestar depoimento sobre suposto esquema de corrupção para cassar o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP).
O ex-governador negou que tenha articulado a cassação de Bernal. O prefeito o acusa de ser o mentor de um golpe político pela sua cassação, enquanto a Operação Coffee Break apura se vereadores receberam propina para cassá-lo.
Eventuais pagamentos ilegais seriam chamados de ‘café’ ou ‘cafezinho’, segundo apontam as investigações. Daí Puccinelli, italiano de nascimento, ter se referido à bebida feita à base de café expresso e leite.
“Tenho tranquilidade em dizer que meu melhor cabo eleitoral o Bernal e, por isso, queria que ele continuasse na Prefeitura”, disse o ex-governador. Antes de entrar no prédio do Gaeco, também falou que não atuou “nem para derrubar (o prefeito) nem para trazê-lo de volta”.
Puccinelli prometeu responder tudo que for perguntado. Ele chegou dirigindo o próprio carro, um Uno vermelho, acompanhado do advogado René Siufi, o mesmo que tem ido ao Gaeco com outros peemedebistas.
O ex-governador, além de influência direta sobre políticos do PMDB e de outros partidos, teria ligações suspeitas com João Amorim, dono da Proteco Construções, com vários contratos milionários na esfera pública – viajava constantemente em um jatinho do empreiteiro, por exemplo. A empresa é investigada na Operação Lama Asfáltica, sob suspeita de esquema de desvio de dinheiro público, e na Coffee Break, sobre o possível financiamento ilegal da cassação de Bernal.