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O presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta segunda-feira (12) que vai criar uma força-tarefa para lidar com a imigração em massa de venezuelanos para Roraima. Durante discurso, feito em reunião em Boa Vista, Temer disse que será feito um comitê de acompanhamento, com uma coordenação nacional para lidar com a questão. O G1 acompanha em tempo real.
Em discurso, o presidente falou sobre os impactos da imigração desordenada de venezuelanos para o estado, afirmou que deve editar uma medida provisória sobre o assunto até quinta-feira (15) e que vai garantir recursos para o estado.
"Será uma coordenação federal em conjunto com estado para solucionar essa questão que aflige Roraima e todo o território brasileiro. Para tanto, quero editar talvez na quarta, ou no mais tardar na quinta, uma MP que tratará desse assunto. Não faltará recursos para solucionar essa questão dos venezuelanos tanto no aspecto humanitário como a solução pro estado de Roraima", declarou o presidente.
O encontro ocorreu no Palácio Senador Hélio Campos, sede do governo de Roraima, e reuniu os ministros Raul Jungman (Defesa), Torquarto Jardim (Justiça), Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência), e o general Sergio Etchegoyen (GSI).
Após o discurso do presidente, o ministro Raul Jungmann disse que as Forças armadas vão duplicar os postos de controle no interior de Roraima, particularmente, entre Pacaraima e Boa Vista, que um hospital de campanha será deslocado à fronteira, e que serão construídos centros de triagem em conjunto com municípios e governo.
"Se o problema é fisicamente localizado em Roraima, ele é um problema nacional, e o presidente entendeu que nesse sentido teremos uma coordenação da ação humanitária federal que ficará ao encargo das Forças Armadas", declarou.
Também participaram da reunião a governadora de Roraima Suely Campos (PP), a prefeita da capital Teresa Surita (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB), Juliano Torquato (PRB), prefeito de Pacaraima - cidade na fronteira -, deputados, secretários e demais autoridades locais.
A crise migratória venezuelana foi a principal pauta da reunião. A prefeitura de Boa Vista estima que já tenham 40 mil venezuelanos vivendo na capital. Autoridades locais cobraram ajuda para lidar com a situação. Nos últimos três anos já foram feitos mais de 20 mil pedidos de refúgio de venezuelanos em Roraima.
Do lado de fora do palácio, manifestantes fazem um protesto contra a privatização do setor elétrico, reforma da previdência e demais privatizações propostas pelo governo federal. Eles também gritam "Fora, Temer". A organização diz que há 300 pessoas no ato. A Polícia Militar, que faz a segurança no local, não informou estimativa de participantes.
No estado, os imigrantes fogem da fome, falta de emprego, hiperinflação e da instabilidade política no país governado por Nicolás Maduro. Três dos quatro abrigos do estado estão lotados, há milhares de venezuelanos em situação de rua e muitos dividindo casas alugadas. Em dezembro, estado decretou situação de emergência.
Na última semana, duas dessas residências ocupadas por venezuelanos foram incendiadas. Cinco pessoas ficaram feridas, incluindo uma menina de 3 anos. No domingo (11), o guianense Gordon Fowler, de 42 anos, foi preso em flagrante suspeito dos ataques. Em audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva e ele foi mandado para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
No último dia 8, os ministros Torquato Jardim, Raul Jungman e Sergio Etchegoyen estiveram no estado para buscar soluções para enfrentar a imigração desordenada. Eles também se reuniram com a governadora Suely Campos.
Em visita à praça Simón Bolivar, na zona Sul da cidade, que está ocupada por mais de 300 venezuelanos recém-chegados a Roraima, o ministro da Defesa disse que a situação é preocupante: 'choca muito'.
Durante a visita dos ministros, foi apresentado um plano para lidar com a intensa imigração. As medidas apontadadas foram: reforço na segurança da fronteira, projeto piloto para absorver a mão-de-obra venezuelana, revalidação de diplomas para professores e médicos venezuelanos e censo de venezuelanos que estão no Brasil.
No encontro, a governadora entregou um documento com 11 medidas para minimizar o impacto causado pelo crescente número de imigrantes venezuelanos em Roraima.
Entre as propostas estão o aumento de efetivo da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal além da atuação do Exército Brasileiro no policiamento ostensivo em Pacaraima, cidade que faz fronteira com a Venezuela.
Além disso, foram propostas ações mais rigorosas de controle de entrada de pessoas pela fronteira, e a doação de veículos e equipamentos para aprimorar o trabalho das forças de segurança de Roraima.
Imigração em massa
Roraima lida desde 2015 com a chegada desenfreada de venezuelanos, cujo êxodo é motivado pela crise política, econômica e social do país. Em 2017, foram registrados 17.130 pedidos de refúgio pela Polícia Federal.
De acordo com dados da prefeitura de Boa Vista, 40 mil venezuelanos vivem hoje na cidade, o que representa mais de 10% dos 330 mil habitantes da capital. Com isso, autoridades do estado cobram ações e recursos do governo federal para administrar a chegada dos venezuelanos.
Estado e município cobram apoio do governo federal e querem um plano para interiorizar os imigrantes, ou seja, levá-los a outras cidades ou estados com maior oferta de trabalho já que no estado prevalece o funcionalismo público.
A proposta foi reforçada por quatro deputados federais que estiveram com o presidente no fim do mês passado. Os parlamentares sugeriram ao presidente maior controle da fronteira entre Brasil e Venezuela e a instalação de um campo de refugiados com hospital de campanha.