UOL/PCS
O presidente Michel Temer se manifestou nesta sexta-feira (10) sobre o movimento de policiais militares no Espírito Santo que levou à falta de policiamento nas ruas e à escalada da violência na capital Vitória, que já dura quase uma semana. Esta é a primeira manifestação do presidente sobre o caso.
Em nota, Temer disse que "condena a paralisação ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba", e afirmou que "o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém".
"O presidente conclama aos grevistas que retornem ao trabalho como determinou a Justiça e que as negociações com o governo transcorram dentro do mais absoluto respeito à ordem e à lei, preservando o direito e as garantias do povo que paga o salário dos servidores públicos, sejam eles civis ou militares", diz a nota divulgada pelo Planalto.
Nesta sexta-feira, o governo do Espírito Santo informou que 703 policiais que participaram do movimento serão indiciados. No Rio de Janeiro, protestos de familiares, semelhantes aos que levaram à paralisação no Espírito Santo, tomaram a porta de alguns dos batalhões do Estado.
Veja a íntegra da manifestação do presidente, em nota assinada pela Secretaria de Comunicação do Planalto:
"O presidente Michel Temer acompanha, desde os primeiros momentos, todos os fatos relacionados à segurança pública no Espírito Santo. Condena a paralisação ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba. Ao saber da situação, determinou o imediato envio de dois mil homens para reestabelecer a lei e a ordem no Estado. O presidente tem se informado todos os dias com o governador Paulo Hartung e vai fazer todos os esforços para que o Espírito Santo retorne à normalidade o quanto antes. Agirá da mesma forma sempre que necessário, em todos os locais onde for preciso.
O presidente ressalta que o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém. O estado de direito não permite esse tipo de comportamento inaceitável. O presidente conclama aos grevistas que retornem ao trabalho como determinou a Justiça e que as negociações com o governo transcorram dentro do mais absoluto respeito à ordem e à lei, preservando o direito e as garantias do povo que paga o salário dos servidores públicos, sejam eles civis ou militares."
Entenda a crise no ES
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Desde segunda-feira (6), o movimento é considerado ilegal pela Justiça do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é proibido pela Constituição. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.
A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.
Segundo o governo, a alocação de recursos para a área de segurança foi uma das poucas que tiveram crescimento nos últimos anos: de 12,6% entre 2014 e 2016, chegando a R$ 2,27 bilhões. "No período, a folha de pagamento da Polícia Militar subiu 11,1%, de R$ 1,012 bilhão para R$ 1,125 bilhão", aponta a administração estadual.
A falta de policiamento nas ruas aumentou a criminalidade no Estado. Segundo o Sindipol-ES (Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo), desde sábado, foram registradas ao menos 121 mortes violentas. Até o início da crise de segurança, a média de homicídios em território capixaba era de cerca de três por dia. O governo admite o aumento na quantidade de assassinatos, mas não apresentou números oficiais até o momento.