Veja/PCS
O vice-presidente Michel Temer discursou nesta terça-feira no congresso do PMDB em meio a protestos que pediam a saída da presidente Dilma Rousseff - e a gritos para que ele assuma o cargo. Entre os presentes ao evento estão integrantes de grupos como o Nas Ruas e o Movimento Brasil Livre, que defendem o impeachment de Dilma.
Já no final de sua fala, o vice-presidente foi interrompido pelos manifestantes, que portavam réplicas da boneca inflável que satiriza a petista e cartazes de ordem com frases como "Temer, vista a faixa já". Ao ouvir gritos pelo impeachment e de 'Temer presidente', ele pareceu constrangido e afirmou: "Por enquanto não. Em 2018 vamos escolher um grande nome. Eu estou encerrando minha vida pública."
Como mostrou VEJA em reportagem publicada nesta semana, o vice-presidente se prepara para a cada vez mais presente eventualidade de a titular ser afastada do poder. Temer já conversa com políticos, juristas e empresários enquanto traça um plano para si e para o Brasil pós-Dilma.
Ao chegar ao congresso em que o partido dá início ao descolamento do PT, Temer negou que o partido tenha uma data para abandonar o governo Dilma Rousseff. "O PMDB não vai sair", disse o vice. Faltou combinar com os militantes da legenda, que o receberam com gritos de "Brasil pra frente, Temer presidente".
Ao chegar ao congresso, o vice não escondeu que o plano do PMDB é chegar ao poder, como qualquer partido político. Segundo ele, as divergências entre os integrantes da sigla são naturais: parte do PMDB prega abertamente a ruptura com o governo federal e até o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Outra parte defende o adiamento desse rompimento, de modo a usufruir um pouco mais dos cargos conseguidos na reforma ministerial de outubro. "Mesmo os que querem a saída do governo querem colaborar com o país. E este programa que estamos fazendo é para o país", disse o vice, referindo-se ao plano econômico apresentado pelo partido durante o congresso.
O congresso da Fundação Ulysses Guimarães marca um posicionamento claro do PMDB como alternativa ao governo Dilma Rousseff, ameaçado pela instabilidade econômica, pela crise política e por ações na Justiça Eleitoral. O partido organizou um texto para debate com propostas econômicas antagônicas às do PT.