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Política
09/03/2015 18:12:00
Youssef diz que dinheiro para caixa 2 era entregue a Vaccari e José Dirceu
Doleiro fez afirmação em depoimento com base em delação premiada. Sigilo desses depoimentos foi retirado na última sexta por ministro do STF.

G1/PCS

O doleiro Alberto Youssef afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), em depoimento com base em delação premiada, que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recebiam dinheiro do esquema de corrupção da Petrobras para repassar ao caixa do partido.

As declarações foram prestadas em 24 de setembro do ano passado e enviadas, em regime de segredo de justiça, ao Supremo Tribunal Federal (STF), por conterem citações a políticos com foro privilegiado.

A assessoria de Vaccari Neto informou que o PT "só recebe doações legais que, posteriormente, são declaradas à Justiça eleitoral" e que o tesoureiro está "à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento". A assessoria de Dirceu afirmou, como em ocasiões anteriores, que ele "repudia com veemência" as declarações de Youssef.

Os documentos tiveram o sigilo retirado por Teori Zavascki na última sexta (6), quando o ministro abriu inquérito para investigar 49 pessoas, entre elas 47 autoridades com indícios de envolvimento no escândalo da Petrobras.

Suspeito de operar o esquema de pagamento de propina na estatal, Youssef aceitou colaborar com as investigações da Operação Lava Jato em troca de redução da pena.

Em um dos trechos da delação premiada, o doleiro afirma que Júlio Camargo, suposto operador das empresas Mtisue Toyo e Camargo Correa no esquema de corrupção da Petrobras, distribuía dinheiro pago pelas duas empresas para o PP e o PT.

De acordo com Youssef, Júlio Camargo utilizava contas no exterior para depositar dinheiro da Toyo e Camargo Correa destinado o caixa dois de campanha desses partidos. Os recursos eram repassados ao doleiro, que entregava parte dos valores, em “reais vivos”, a um homem chamado “Franco”, em São Paulo. Conforme Youssef, esse dinheiro era, então, repassado ao PT “nas pessoas” de João Vaccari Neto e José Dirceu.

Outra parte dos recursos do esquema era entregue pelo doleiro, no Rio de Janeiro, a uma mulher chamada Fátima, que seria funcionária de Júlio Camargo. O valor era repassado posteriormente, segundo Yousseff, a título de “comissão” ao ex-direitor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo.

“O dinheiro entregue por Alberto Youssef em São Paulo servia para pagamentos da CAMARGO CORREIA e TOYO ao PARTIDO dos TRABALHADORES, nas pessoas de João Vaccari e José Dirceu. Já o dinheiro entregue por Alberto Youssef no Rio de janeiro eram pagamentos devidos ao Renato Duque e outros, referentes ao comissionamento das obras realizadas pela CAMARGO CORREIA e TOYO”, diz trecho da delação premiada.

O doleiro afirma ainda, nos depoimentos ao Ministério Público, que Dirceu tinha uma “relação de negócios e de amizade” com Júlio Camargo. Segundo ele, o ex-ministro da Casa Civil utilizava um jatinho do suposto operador da Toyo e da Camargo Correa no esquema de corrupção.

“Júlio Camargo tinha relacionamento de negócios e amizade tanto com José Dirceu quanto com Renato Duque. Tanto é assim que José Dirceu utilizava o avião de Júlio Camargo, Um avião modelo Citation Excel. Franco, homem de confiança de Julio Camargo, tem um pen drive com todas as movimentações financeiras de Júlio Camargo. Neste pen drive, a sigla referente a pessoa de JOSE DIRCEU é BOB”, afirmou Yousseff.