G1/PCS
O iPhone X é o celular mais desejado do ano. Será? Em passagem pelo Brasil para lançar a nova linha de smartphones Zenfone 4, o executivo Jerry Shen, CEO da Asus, disse em entrevista ao G1 que não tem certeza se o consumidor vai continuar querendo o aparelho da Apple após sua chegada em novembro. Ele tem dúvidas sobre a capacidade da empresa em entregar o produto.
"Algumas pessoas estão esperando o iPhone X. Mas precisamos aguardar uns 3 meses a questão da cadeia de fornecimento. Ela não é suficiente. E se não for, não tenho certeza que as pessoas vão continuar querendo comprar. É tão caro", disse Shen.
"Isso é a chave. Você pode desenvolver algo novo e realmente inovador, mas se não tiver a cadeia de fornecimento, não consegue entregar ao mercado", complementou o brasileiro Marcel Campos, chefe global de conteúdo da Asus.
A dupla de executivos lançou na terça quatro modelos de smartphones: Zenfone 4, Zenfone 4 Selfie, Zenfone 4 Selfie Pro e Zenfone 4 Max. As diferentes configurações de armazenamento e memória RAM da linha, porém, elevam a 9 o número de novos celulares da Asus.
Leia abaixo outros assuntos da entrevista:
O iPhone ainda é o smartphone a ser batido?
Jerry Shen – "Acredito que a inovação é importante. E que a felicidade do consumidor é muito importante. Fico feliz que o iPhone ofereça uma boa experiência para os usuários e que a cada geração traga mais inovações.
**O smartphone se tornou o dispositivo mais importante da vida de uma pessoa. Quem conseguir inovar mais, e trazer mais felicidade, vence o mercado.**
Algumas pessoas estão esperando o iPhone X. Mas precisamos aguardar uns 3 meses a questão da cadeia de fornecimento. Ela não é suficiente. E se não for, não tenho certeza que as pessoas vão continuar querendo comprar. É tão caro".
Marcel Campos – "É impressionante a evolução que entregamos em tão pouco tempo. Houve uma mudança enorme em termos de arquitetura, de materiais, de qualidade da câmera. Nós nos importamos com muitas coisas de uma geração para a outra. Não paramos.
Algumas companhias estão nesse mercado há mais de 10 anos. E a evolução de uma geração para a outra não é tão grande. Mas de 3 a 4 anos pra cá mudamos muito de um produto para o outro. E é tão difícil fazer isso. Ainda mais sem ter os mesmos recursos que as empresas maiores".
Como é lidar com a fragilidade dos smartphones?
Shen – "Nossos aparelhos usam 'Gorilla glass' [tecnologia de resistência para vidros] para proteção. Os smartphones representam sua existência. Eles são seu parceiro, seu amigo, sua família. E quando se quebram, você se priva das suas redes sociais. Se queremos oferecer um produto premium, estiloso e charmoso, precisamos proteger ele".
Campos – "É sempre uma troca.
**Se as pessoas se importam mais com a beleza do celular, com ele ser estiloso e bonito na mão, existem materiais que entregam isso com clareza. Mas se eles querem algo mais resistente, precisam trocar a beleza por outros materiais que não parecem premium o suficiente, bons o suficiente.**
Eles precisam decidir o que querem. E a resposta é simples: smartphones estão conosco o tempo inteiro. Se o seu carro estivesse com você o tempo todo, ele também iria quebrar com facilidade. Tudo que você sempre carrega no bolso tem chances maiores de quebrar. É o comportamento humano".
Por que consertar um celular é tão caro?
Campos – "Toda peça importada sofre taxação. Mas quando você traz para fabricação local, ela recebe incentivos fiscais. Quando você traz para reparos não. Por isso é tão caro. E não é só com a Asus, mas com todos os fabricantes.
Muita gente fala: 'por que não faz que nem a Apple e troca?' Primeiro porque ela não troca em todos os casos, só em alguns. E nos casos que troca, é porque tem muita margem. Se eu fosse fazer isso, teria que cobrar duas vezes mais pelo Zenfone 4". Como foi a migração dos PCs para os celulares?
Shen – "No mercado de placas-mãe somos número 1. E em notebooks estamos no topo da tabela. Mas a mudança de computadores para smartphones foi um grande desafio porque o smartphone é um dispositivo completamente voltado para o consumidor final.
**Meu maior desafio é aperfeiçoar a experiência do usuário. Porque o smartphone representa a existência pessoal de cada um. No caso dos PCs, a produtividade, as funções, são importantes. Já os smartphones estão muito ligados à emoção, aos sentimentos. E a beleza é muito importante.**
A Asus tem uma divisão de peças voltadas a games e é forte na área. Vocês pensam em lançar um smartphone 'gamer'?
Shen
"Em todo lugar perguntam isso. Nós vemos os games como um ecossistema. E não apenas o dispositivo. Não é só a cor. Precisamos mergulhar profundamente nos games de celular porque estamos nessa linha há mais de 10 anos".
Campos
"Fazer um telefone com cores diferentes, um visual diferente, não é suficiente. Se entrarmos algum dia na área de smartphones voltados para games, precisamos entender completamente como isso funciona. E como podemos aprimorar essa experiência. De outra forma, seria apenas um outro smartphone chique no mercado".