CE/PCS
ImprimirApesar de haver rotas alternativas para escapar dos congestionamentos quilométricos que estão ocorrendo na BR-163, entre Campo Grande e Jaraguari por conta do solapamento de uma parte da pista, a CCR MSVia, que administra a rodovia, não disponibilizou nenhuma informação aos usuários da rodovia sobre a possibilidade de optarem por vias alternativas.
Na quarta-feira, a fila de veículos chegou a ultrapassar os dez quilômetros em cada lado do local onde a pista sofreu danos em decorrência do rompimento da represa do condomínio Nasa Park. Conforme estimativa da Polícia Rodoviária Federal, motoristas estavam perdendo em torno de três horas para seguirem viagem. E isso em um dia em que os termômetros chegaram a 36,6 graus e a umidade mínima do ar caiu para apenas 12% em Campo Grande.
No começo da manhã desta quinta-feira o tamanho da fila e o tempo de espera estavam menores que no dia anterior, mas a própria assessoria da CCR MSVia esclareceu que a fila aumentaria próximo ao horário do almoço.
E, questionada por que não existiam informações para que os condutores optassem por vias alternativas, a assessoria garantiu que estas informações seriam incluídas no site da empresa ainda nesta quinta-feira.
Esta rota alternativa, principalmente para veículos de carga, começa na altura do quilômetro 495 da BR-163, segue pelo anel viário até a MS-080. Por esta rodovia é possível passar por Rochedo, Corguinho e Rio Negro.
Depois de Rio Negro é possível retornar à BR-163 pela MS-430, chegando a São Gabriel do Oeste. Neste caso, a distância entre a Capital e São Gabriel aumenta em 80 quilômetros, percurso que se percorre em tempo bem inferior às três horas que se perde no congestionamento.
Mas, também existe a possibilidade de, após Rio Negro, acessar a BR-419 e seguir até Rio Verde de Mato Grosso (MS). Neste caso, o percurso aumenta somente em 25 quilômetros na comparação com a viagem pela BR-163 entre a Capital e Rio Verde..
Tanto quem optar em retornar à BR-163 a partir de São Gabriel quanto aqueles que forem até Rio Verde escapam de duas praças de pedágio. Somando as duas taxas, são R$ 14,50 por eixo.
FATURAMENTO
E são justamente estas praças de pedágio que possivelmente explicam o desinteresse da concessionária em informar aos condutores que poderiam optar pelas rotas alternativas. Em outros eventos semelhantes de interdições, uma séria de painéis luminosos volantes foram instalados ao longo da rodovia para informar aos condutores sobre a possibilidade de "fuga".
Desta vez, porém, o único luminoso que existe na saída de Campo Grande para Cuiabá é um que informa a existência de um “pare e siga” mais à frente.
Na praça de pedágio entre Campo Grande e Jaraguari, da qual fugiriam os caminhoneiros que optassem pela MS-080, passaram 255.800 veículos em junho, conforme dados da CCR. Isso significa quase 8,5 mil por dia. Destes, 112.292 eram caminhões, o equivalente a 3,7 mil por dia.
E, supondo que, em média, estes caminhões tenham sete eixos, o faturamento diário chega à casa dos R$ 190 mil. Então, se orientasse os caminhoneiros a evitar a fila quilométrica, automaticamente ficaria sem parte deste faturamento.
No pedágio entre Bandeirantes e São Gabriel do Oeste, o tráfego foi um pouco menor, de 181.614 veículos em junho. Deste total, 90.851 foram caminhões. Seguindo o mesmo raciocínio, o faturamento somente com os caminhões é da ordem de R$ 150 mil por dia.
Então, se a fila próximo ao local da interdição parcial continuar gigantesca, a chance de continuar faturando os R$ 340 mil por dia nos dois locais de cobrança continuará viva ao longo das duas semanas em que devem se estender os trabalhos de recuperação da rodovia.
PRF e AGESUL
Conforme a assessoria da Agesul, no dia em que ocorreu o incidente (dia 20), a CCR consultou a administração estadual sobre rotas alternativas. E, no mesmo dia a Agesul garantiu à concessionária que as rodovias estaduais 080 e 430, além da BR-419, teriam condições de absorver o tráfego. Mas, como a interdição foi apenas parcial, a CCR abandonou a possibilidade de indicar estas vias aos condutores.
A própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) somente passou a sugerir o uso da rota alternativa mais de 36 horas depois do rompimento da represa e da enxurrada que danificou a rodovia.
E esta rota alternativa passou a ser sugerida depois de o Correio do Estado questionar a assessoria da PRF por que a instituição não divulgava a opção de escapar do congestionamento na BR-163. “Grato pela sua sugestão...iremos avaliar essa possibilidade”, respondeu a assessoria da PRF às 18 horas.
Quase duas horas depois, às 19:50, divulgou nota informando que existia a possibilidade de os condutores evitarem a fila e colaborar para que ela ficasse menor. A nota alertou, porém, que este percursos é carente de postos de combustíveis e de sinal de internet. Além disso, havia o risco de atropelamento de animais silvestres.
Antes disso, a única rota de fuga apontada pela PRF era pela MS-010, seguindo até o distrito de Rochedinho e depois disso retornar à 163. Este percurso, porém, é adequado somente para veículos de até 15 toneladas, já que parte dele é por estrada sem asfalto e tem pontes de madeira que não suportam o peso de carretas.
Na manhã desta quinta-feira a reportagem do Correio do Estado percorreu o anel viário de Campo Grande, entre a BR-163 e a MS-080. O movimento de veículos de carga era praticamente inexistente. O mesmo cenário foi verificado no trecho inicial da MS-080, indicando que a quase totalidade dos caminhoneiros segue optando pela 163, enfrentando a longa fila e pagando pedágio.