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ImprimirGrupos de “carona amiga” sempre existiram, mas em tempos de pandemia esse tipo de serviço se mantém não apenas ilegal, mas como risco à saúde. Usuários e até mesmo motoristas que realizaram esse trabalho revelaram ao Campo Grande News a situação precária e à revelia da lei em que esses grupos agem.
O atrativo desse tipo de transporte é o preço, bem abaixo dos serviços autorizados, como ônibus de viagem ou vans. Para Ponta Porã, por exemplo, a ida sai por volta de R$ 100,00, mas depende muito do motorista. “É mais barato e rápido”, disse uma fonte que não quer se identificar.
Segundo ele, antes da pandemia usava com mais frequência esse tipo de serviço, mas diante dos riscos, parou. Ele se mantém nos grupos de WhatsApp, no entanto, e contou que além dos anúncios de oferta e procura por viagem a Ponta Porã ou outras cidades, esses ambientes servem também para alertar sobre as fiscalizações nas estradas.
No último fim de semana por exemplo, o alerta foi sobre blitz em saída de Campo Grande que estava multando transporte de passageiros que não fossem táxi. Em outro grupo, dessa vez no Facebook, o alerta era sobre fiscalização da Agepan (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos). Nesse caso, citava-se a saída de Campo Grande a Corumbá.
“Eu trabalhei dois meses nesse carona amiga. Na verdade, de amiga não tem nada, porque é feito na ilegalidade. E não tem cuidado algum com normas de biossegurança. E a gente nem pode exigir”, disse motorista que não quis ter a identidade exposta.
Ele citou situação em que passageiro entrou no carro sem máscara e já foi avisando que não iria colocar. “A gente transporta, não tem nem como”, disse, ao comentar que precisava de uma renda, por isso aderiu a esse tipo de transporte.
Fazendo corridas no roteiro Campo Grande/Aquidauana/Anastácio, o motorista relatou que cobrava R$ 50,00 por passageiro e que no final, não compensa. “Você traz o passageiro contaminado, vamos supor, e ele volta de novo. Por que quem tá no interior não tem esse cuidado. É risco certo”.
Fiscalização – sobre os avisos de blitz, ele disse que é comum e “é um transporte ilegal e no grupo é avisado de blitz. Tem de tudo”, ressaltou, destacando inclusive que acredita que o trabalho da Agepan é insuficiente. “Eu fiz esse trabalhos dois meses e nunca fui parado”, analisou.
Para ele, o fato das fiscalizações serem avisadas nos grupos prejudica o trabalho do órgão fiscalizador, mas acredita também que os pontos de inspeção são mal elaborados. “Ali na saída pra Aquidauana eles sempre ficam depois da rotatória do Carioca, perto da Kepler Weber ali. Um avisa o outro que está tendo blitz e já entram pelo anel (viário) e pegam a avenida da Base Aérea e se safam. Eles tinham que ficar no posto ali de Terenos, daí não tem escapatória”, argumenta.