CE/LD
ImprimirCom MS registrando quase 100 mil raios, já no fim da tarde desta quinta-feira (09), quem estava em Campo Grande e viu o tempo virar de uma hora para a outra, pode ter reparado em descargas elétricas que formavam um perfil parecido com o de raízes, diferente daquele tradicional raio horizontal, fenômeno esse que pode ser climatologicamente explicado.
Ainda que o Estado tenha registrado pancadas isoladas, com municípios como Dois Irmãos do Buriti vendo 34,2 mm de chuva, enquanto Fátima do Sul, por exemplo, registrou apenas 7,2 mm nas últimas 24h, o número de descargas atmosféricas em Mato Grosso do Sul beirou os 100 mil registros.
Com base nos dados da Energisa, Campo Grande teve 14 mil raios registrados, vale apontar que Aquidauana - - que foi duramente castigada pelo clima de ontem (09) -, teve 1.805 descargas,
Vinicius Banda Sperling é meteorologista operacional do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (CEMTEC/MS), em entrevista ao Correio do Estado esclarece sobre os fenômenos das descargas, dizendo que casam com as regiões que registraram maior volume de chuvas e que o sudoeste do Estado foi o ponto de concentração desses raios.
"Ali estava a porção mais intensa da nuvem. Então aquele ponto amarelinho tem raios 'nuvem solo', que é essa linha reta vertical. Esses são os raios mais perigosos e mortais", comenta.
Já a região de Campo Grande visualizou um processo de chuva mais lento e "tranquilo", no que o meteorologista classifica de chuva estratiforme. Conforme Vinicius, nessa situação, há cristais de gelo concentrados que podem resultar num tipo diferente de descarga.
"Tem muitos cristais de gelo lá no topo, o que faz com que esses raios que estão naquele núcleo mais forte, se desloquem no sentido horizontal. Que são os raios intranuvem ou 'nuvem-nuvem', dentro da mesma. Esses mais horizontais, a intensidade deles é menor, não são raios mortais porque não atingiu o solo", afirma.
Perto da região de Dois Irmãos do Buriti se concentrou, ontem (09), uma tempestade intensa, com raios "nuvem solo", onde inclusive choveu granizo por volta das 18h.
Esse núcleo intenso se encontra com essas porções mais enfraquecidas, já que a tempestade mais forte também empurra cristais de gelo carregados com cargas positiva e negativa, que formam os raios que vão para longe do centro dessa tempestade.
"Então a gente viu muito, muito raio, e uma chuva bem tranquilinha, porque esse núcleo mais intenso, onde estavam acontecendo os raios nuvem solo, estava mais distante da Capital. A gente sentiu o impacto dele conectando com outras partes da nuvem que também ficam carregadas eletricamente", conclui.
Estragos do temporal
Segundo a concessionária de energia, até a manhã desta sexta (10), mais de 10 bairros ainda apresentavam impactos pontuais de estragos causados pela chuva.
Campo Grande e Aquidauana foram os locais de maiores impactos registrados, com cabos da rede elétrica sendo rompidos por quedas de árvores e lançamento de objetos, que atrapalharam a distribuição da energia.
Enquanto na Capital os impactos foram vistos, até a manhã de hoje, na Chácara das Mansões, Vila Taquarussu, Residencial Rita Vieira e Portal Caiobá, em Aquidauana os estragos se concentraram os seguintes bairros:
Santa Terezinha,
Cidade Nova,
Vila Quarenta,
Nova Aquidauana,
Alto,
Bairro Da Exposição,
Centro,
Guanandy,
Jardim Enedina,
Vila Maior,
Vila Trindade e
Serraria.
Pelo menos 4,8 mil moradores foram afetados pela queda de energia, conforme o portal local, o Pantaneiro. É importante frisar que a Prefeitura do município segue atendendo as pessoas atingidas por esse temporal.