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ImprimirEstudo inicial do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), feito junto à PMA (Polícia Militar Ambiental), analisou os 14 maiores incêndios que atingiram o Pantanal no Estado entre 10 de maio a 30 de junho, e concluiu que não foi possível identificar as causas e as pessoas responsáveis pela maioria. Ele deverá ser atualizado, mas novos dados não foram informados até o fechamento desta matéria.
O que se sabe até agora, é que apenas um tem origem certa: o que afetou mais de 160 hectares de unidade de conservação na Fazenda Campo Enepê, em Corumbá. Uma vistoria no local e documentação enviada pelo proprietário comprovaram que a causa foi acidental. As chamas começaram em área autorizada para pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) fazerem testes científicos sobre o uso do fogo no bioma. Elas saíram do controle por causa do vento.
A parte afetada na Enepê é a segunda menor em comparação às demais. No total, o estudo mapeou 292,86 mil hectares consumidos pelo fogo no período analisado inicialmente, que considera o período de alerta para queimadas no bioma.
O estudo também cita existir área com crime em investigação como causa. O proprietário dela disse à PMA que registrou boletim de ocorrência indicando que o incêndio teve origem em fazenda vizinha, quando um capataz colocou fogo em uma colmeia.
Quanto aos outros 12 incêndios, três começaram em áreas remotas que a PMA não conseguiu acessar. Uma delas queimou durante a festa do Banho de São João em Corumbá e chamou atenção por contrastar com a celebração.
Dos nove restantes, "apesar de ser possível chegar-se ao lugar, não se constatou qualquer ocupação da área, nem proximidade com rios, estradas ou outras ocupações humanas", registrou o MPMS.
A análise aponta ainda que as chamas que começaram no bioma no período se alastraram por duas fazendas abandonadas e extrapolaram os limites nacionais, atingindo 39,28 mil hectares na Bolívia.
Orquestrados
Analisando que a distância dos pontos onde o fogo começou em cada ponto é de 3,31 km até 101,82 km, o estudo descarta que os incêndios tenham sido articulados. "O que torna improvável alguma ação orquestrada de incêndios propositais", diz, nas conclusões.
A proximidade com áreas desmatadas também foi consultada. Dos 14, apenas uma está perto, "tornando-se difícil inferir uma relação entre desmatamento e polígonos de ignição".
A única área de conservação atingida foi também a da Fazenda Enepê, onde houve a queima acidental, "tornando-se difícil inferir uma relação entre criação de Unidades de Conservação e polígonos de ignição", acrescenta o relatório.
Como não houve registro de raios na região, segundo apontou o Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a investigação segue em busca de encontrar as causas humanas.
Enquanto isso, equipes continuam no Pantanal para prevenir e combater mais incêndios. Houve uma trégua nas últimas semanas, mas o fogo pode retornar, ainda mais considerando que o período de estiagem no bioma está só no começo.
Polícia Federal
Em paralelo, a Polícia Federal investiga as causas e autores dos incêndios.
Durante a coletiva de imprensa realizada em Corumbá nesta terça-feira (16), para apresentar o panorama dos incêndios no Pantanal, o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, informou que fazendas onde as chamas tiveram início são alvo de perícia do órgão e da Polícia Federal.
“Tive uma reunião com o delegado da Polícia Federal e todas as propriedades onde tiveram os primeiros focos estão sendo visitadas. Temos equipes de perícia da Polícia Federal e do Ibama acompanhando e estão sendo analisados caso a caso, que pode ser um descuido, que pode ser doloso, culposo, avaliando todas as situações. A lei dos crimes ambientais estabelece penalidade para isso. A gente não vai pré-julgar ninguém, vamos fazer o trabalho e, se de fato for comprovado incêndios criminosos, essas pessoas serão responsabilizadas da forma que a legislação estabelece”, disse Agostinho