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ImprimirA superfície de água em Mato Grosso do Sul sofreu uma redução alarmante de 30% ao longo dos últimos 38 anos, de acordo com um levantamento do MapBiomas divulgado nesta quarta-feira (26). Desde 1985, o estado perdeu 263 mil hectares de área hídrica, com as cidades de Corumbá e Aquidauana sendo as mais afetadas.
O estudo revela que, em 2023, a superfície de água no Brasil esteve abaixo da média histórica, cobrindo apenas 18,3 milhões de hectares, o equivalente a 2% do território nacional. Esta área representa uma queda de 1,5% em relação à média histórica desde 1985. Todos os meses de 2023 apresentaram perdas em comparação com 2022, inclusive durante a estação chuvosa. A última retração significativa da superfície hídrica no Brasil havia sido em 2021, com uma redução de 7%.
Dos 10 estados que apresentaram a superfície de água em 2023 abaixo da média histórica, Mato Grosso do Sul se destacou negativamente como o segundo com maiores perdas, ficando atrás apenas de Mato Grosso, que perdeu 274 mil hectares.
"Enquanto o Cerrado e a Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica", destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas.
No cenário nacional, 53% dos municípios brasileiros (2.925) apresentaram uma superfície de água em 2023 abaixo da média histórica. Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, lidera de forma disparada o ranking das maiores perdas, com uma redução de 261.313 hectares, o que representa uma diminuição de 53% na sua superfície de água. Aquidauana, também no Pantanal, figura em 6º entre os 20 municípios com maiores perdas, registrando uma redução de 41.369 hectares ao longo de 38 anos.
O Pantanal, em particular, foi o bioma que mais sofreu com a redução da superfície de água, com uma diminuição de 61% em relação à média histórica. Em 2023, apenas 382 mil hectares, ou 2,6% do bioma, estavam cobertos por água, representando uma situação alarmante para a região que é crucial para a biodiversidade brasileira. "Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle", ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.
A análise da situação dos corpos hídricos em relação à média histórica revela um cenário preocupante em diversos biomas. No Pantanal, há uma redução de 61%, enquanto o Cerrado, considerando apenas os corpos hídricos naturais, apresenta uma diminuição de 53,4%. No Pampa, a queda é de 40% e na Amazônia, de 27,5%. Em contraste, a Caatinga teve um aumento de 6% e a Mata Atlântica, de 3%.