CGN/LD
ImprimirNo Dia do Pantanal, celebrado em 12 de novembro, líderes de movimentos sociais, representantes de comunidades tradicionais e integrantes da Articulação Agro é Fogo se reunirão em Corumbá, no campus do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), para discutir e denunciar os incêndios criminosos que ameaçam o bioma.
O evento, aberto ao público, estende-se até o dia 13 de novembro e pretende conscientizar a população sobre os impactos das queimadas e debater estratégias de enfrentamento. As atividades principais incluem o seminário “Ecoando as vozes do Pantanal na defesa dos territórios de vida e da sociobiodiversidade”, marcado para o dia 12 de novembro, das 8h às 17h (horário de MS).
Também haverá a audiência pública “O impacto dos incêndios nos modos de vida, saúde, segurança alimentar e renda das comunidades tradicionais pantaneiras”, no dia 13 de novembro, das 8h às 12h (horário de MS). Ambas as atividades contarão com a participação de pesquisadores, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhos, além de representantes de organizações da Articulação Agro é Fogo.
Durante o evento, será lançada uma campanha nacional de combate à destruição do Pantanal, convocando a sociedade civil e o poder público a agir em defesa desse bioma único, cuja destruição ameaça os modos de vida das comunidades tradicionais e acelera desequilíbrios climáticos na região.
A Articulação Agro é Fogo, formada por mais de 50 movimentos sociais, surgiu em resposta aos incêndios de 2019 e 2020 e denuncia o uso do fogo como ferramenta predatória no agronegócio. Contudo, as comunidades locais ressaltam que utilizam o fogo de forma controlada para promover a biodiversidade e prevenir incêndios devastadores.
Queimadas em 2024 —De acordo com dados do MapBiomas, o Pantanal foi o bioma mais afetado por queimadas nas últimas quatro décadas, com quase 60% de sua extensão atingida.
As queimadas, segundo o monitoramento do Monitor do Fogo, aumentaram 2.306% entre janeiro e setembro de 2024 em relação aos cinco anos anteriores, consumindo 1,5 milhão de hectares apenas nos primeiros nove meses do ano.
Conforme divulgado pelo Dossiê da Articulação Agro é Fogo, a grilagem e o desmatamento estão entre os fatores que acentuam essa devastação, intensificada pela ausência de políticas públicas eficazes para prevenir incêndios e fiscalizar a região.
Em 2024, Corumbá lidera as áreas mais afetadas, com 72% da área queimada atingida repetidas vezes. A seca prolongada e as sucessivas queimadas têm acelerado o processo de desidratação do bioma, levando a uma perda significativa da superfície de água. Comparado a 2018, quando o Pantanal experimentou sua última grande cheia, a área alagada em 2023 foi 50% menor.