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ImprimirManchinha, pinta, marca de nascença e até uma digital são elementos que caracterizam pessoas e animais. No caso de Ana Julia, a sucuri "mais famosa do mundo" e que foi encontrada morta às margens do rio Formoso em Bonito, era uma mancha em formato de coração que a tornava única e a identificava.
A cobra morreu de forma natural, como a Polícia Científica do estado informou com exclusividade ao g1. A mancha que lembra um coração foi crucial para identificar o animal e apontar que a cobra morta era realmente Ana Julia, registrada em diversos vídeos, como do biólogo holandês Freek Vonk.
O documentarista de vida selvagem Cristian Dimitrius e a pesquisadora da Universidade de São Paulo Juliana Terra acompanhavam a cobra em expedições há mais de 8 anos. Ambos identificavam a cobra a partir da mancha em formato de coração, localizada no lado esquerdo da cabeça da serpente. O documentarista explica que a marca tornava a sucuri única, a individualizava.
Após a perícia que apontou a morte natural da cobra, a perita criminal Maristela Melo de Oliveira explicou que as marcas no corpo das serpentes são como digitais, que tornam aquele determinado animal único. No exame, a especialista conseguiu precisar que a cobra morta era Ana Julia.
"Nós identificamos o indivíduo com o apoio da bióloga [Juliana Terra] que estudou o animal por um período longo e ela tinha uma padronização de cada indivíduo das manchas típicas desse animal na região da cabeça. Havia uma mancha característica do lado esquerdo da cabeça desse animal em formato de coração, que individualizava essa serpente naquela região e foi caracterizado pela bióloga responsável. Nós tomamos como base essa caracterização realizada. Comparamos com o cadáver encontrado e avaliamos pelas imagens iniciais e com as imagens que fizemos no local. Conseguimos realizar essa comparação e ver que se trava do mesmo indivíduo", contextualizou Maristela.
Morte natural
Fim de mistério! Menos de uma semana depois da sucuri Ana Júlia, a cobra mais famosa do mundo, ter sido encontrada morta em Bonito, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, a Polícia Científica do estado descobriu que a serpente morreu de causas naturais. As informações foram obtidas com exclusividade pelo g1.
A morte da famosa sucuri provocou comoção na cidade e no estado, e várias hipóteses começaram a ser levantadas, algumas, inclusive, de violência contra o animal. Dois dias depois, na terça, dia 26, equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), da Polícia Civil, do Instituto de Criminalística e uma bióloga estiveram no local.
“O principal objetivo nosso era caracterizar ou não se a serpente foi morta de forma violenta por um disparo de arma de fogo ou até mesmo se ela tinha algumas lesões contusas que justificassem a morte dela”, apontou o diretor da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, Emerson Lopes dos Reis.
Ele explicou que no próprio local a perita veterinária não encontrou lesões no animal condizentes com disparos de arma de fogo, mas que mesmo assim ela decidiu transportar a cobra para Campo Grande, para a realização de exames complementares.
“Nós fizemos exames radiográficos, não encontramos nenhuma fratura na região da cabeça, que era suspeita inicialmente de ter sido lesionada e descartamos a hipótese de morte violenta…Visto que o animal não teve uma morte violenta restou por tanto uma morte por consequência de uma patologia ou alguma questão própria do animal onde ela vive, sem interferência humana na morte desse animal”, explicou a perita Maristela Melo de Oliveira.
A perita revelou ainda que aproveitou o exame para fazer a medição do animal, que atingiu os 6 metros e 36 centímetros, e também para fazer a coleta de DNA, para fazer o sequenciamento genético e de outros materiais biológicos de Ana Julia. “Coletamos esse material a fim de preservar, para interesse científico e estudos relacionados a genética desse animal”, pontuou Maristela.