Agência Brasil/AB
ImprimirO Comitê Interfederativo criado para supervisionar o cumprimento do acordo firmado pela Samarco para recuperar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), deu 10 dias para que a empresa detalhe como vai conter os rejeitos de minério que continuam escoando em grande volume pela bacia do Rio Doce.
Um das descrições mais repetidas por ambientalistas e autoridades para se referir à tragédia de Mariana é a de que se trata de um desastre ambiental “em curso”. Uma das principais razões para isso é o imenso volume de rejeitos de minério - mais de 13 milhões de metros cúbicos - ainda retido na região do rompimento e em margens e afluentes da bacia.
Rio Doce
Quando chove sobre a área, o material escoa até a foz do rio Doce, no Espírito Santo, deixando pelo caminho um rastro de poluição. Para lidar com o problema, diques de contenção provisórios foram instalados pela Samarco, mas essas estruturas esgotaram rapidamente sua capacidade de armazenamento.
A empresa propôs a construção de estruturas permanentes, previstas para estarem prontas em dezembro, depois do início do período chuvoso. Após vistoria em maio, no entanto, o Ibama concluiu que, se for mantido o atual ritmo de trabalho, tais diques só estarão prontos no ano que vem.
Pela resolução emitida ontem (7), a Samarco deverá, em dez dias, apresentar alternativas para a contenção de rejeitos, de modo a impedir uma nova poluição de grandes proporções da bacia do rio Doce a partir de outubro, quando aumenta o volume de chuvas na região. Segundo o comitê, existe “a possibilidade iminente de chegar o próximo período chuvoso sem nenhuma capacidade de retenção de rejeitos”.
Plano emergencial
A resolução exige ainda que a Samarco apresente, nos mesmos dez dias, um plano para a dragagem emergencial do reservatório de Candonga, pertencente à Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que conteve ao menos 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos desde o desastre de Fundão e agora está em seu limite de segurança máximo, sob o risco de também se romper.
“A inação das partes Samarco e Consórcio Candonga representa o pior cenário”, disse o Comitê Interfederativo em relação ao problema. Pelo acordo firmado entre o governo e a Samarco há três meses, a dragagem emergencial da barragem de Candonga deveria ter começado em 28 de março.
Procurada, a Samarco não disse porque ainda não iniciou o trabalho. A empresa, cujas proprietárias são a mineradora brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, também não respondeu aos pedidos da Agência Brasil.
A barragem de Fundão, em Mariana (MG), se rompeu em novembro do ano passado, liberando no rio Doce mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. O desastre matou 19 pessoas e arrasou comunidades próximas, que ainda aguardam a reconstrução.