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ImprimirAssim como os humanos, os cães também sofrem um sério declínio mental ao envelhecerem. Com o passar dos anos, a idade avançada, a falta de atividades físicas e, principalmente, mentais, ocasionam a degeneração das células. A Síndrome de Disfunção Cognitiva (SDC) é um grave problema de saúde que acomete os cães idosos, da mesma forma que a doença de Alzheimer afeta os seres humanos.
Entre os comportamentos decorrentes do envelhecimento destacam-se inquietação; aumento do sono, da ansiedade e da agitação; desorientação; perda de apetite; ansiedade de separação; latidos excessivos sem motivo; perda da sensibilidade da bexiga e do intestino (que deixa o cão sem controle da urina e fezes); perda do interesse em explorar a casa, diminuição de reações associadas a visão e o não reconhecimento de amigos e familiares (cães e humanos).
Pesquisas recentes revelam que 28% dos cães com idade entre 10 e 12 anos apresentam alguns dos sinais da síndrome de disfunção cognitiva. Quando chegam entre 14 e 16 anos, o número salta para 68%.
Diante desse quadro, como é possível ajudar um cão sênior que já apresente alguns sinais de SDC? Ou, no caso de um cão jovem, o que fazer para que ele envelheça física e psicologicamente saudável?
O especialista em adestramento e comportamento canino, Ricardo Tamborini, dá dicas importantes para que você e seu amigo vivam muitos anos juntos, de maneira saudável, e aproveitando ao máximo a companhia um do outro.
Busque ajuda de um profissional
O diagnóstico deve ser feito por um médico veterinário ou ainda por um especialista em comportamento canino, que poderá identificar comportamentos que, em alguns casos, não são decorrentes da síndrome de disfunção cognitiva. Por exemplo: o tédio pode ser causado pela falta de atividades, como passeios e brinquedos usados de forma errada. A apatia e a falta de apetite podem ser decorrentes de ansiedade por separação. No caso da agressividade repentina, pode ser causada por estresse ou brincadeiras erradas feitas por alguém da casa.
Já o médico veterinário pode diagnosticar a SDC através de exames neurológicos, principalmente após descartar comportamentos que se confundem com a doença, e que são causados por outros motivos. Somente após serem descartadas todas as possibilidades, será possível diagnosticar se o cão apresenta ou não a síndrome.
Alimentação
Quando não são ingeridas as vitaminas e os nutrientes necessários é comum tanto humanos quanto animais se sentirem com pouca energia, fadigados, inquietos ou irritados. Há substâncias que ajudam a melhorar a memória, a concentração e também diminuem o risco de doenças neurodegenerativas. Uma dieta à base de vitaminas A, B, C e D provou melhorar a capacidade cognitiva em humanos e também em animais.
O betacaroteno é uma das vitaminas que jamais deve faltar na alimentação. Sua principal função é melhorar a memória e contribuir para a conservação das células cerebrais no longo prazo. A falta dessa vitamina, encontrada em alimentos como abóbora e cenoura, pode provocar dificuldades de visão ou problemas de crescimento.
Todo complexo B reúne vitaminas que são essenciais para o bom funcionamento do cérebro. A vitamina B1 ou Tiamina, por exemplo, ajuda a combater a deterioração da memória e também evita o envelhecimento do cérebro, já que está presente em grandes quantidades em todos os tecidos nervosos. A vitamina é encontrada em carnes como vitela, frango, porco e peixe.
A vitamina C age como um antioxidante. Sua ação protege o cérebro do estresse oxidativo e dos processos degenerativos, contribuindo no processo de absorção de ferro, além de ser considerada um antidepressivo natural. Ela tem a capacidade de aumentar os níveis de serotonina, um neurotransmissor decisivo no bom humor, e é encontrada em vegetais verdes.
A vitamina D, encontrada em peixes como sardinha, salmão e atum, ajuda a evitar transtornos depressivos. Isso vale para os cães de qualquer idade, mas é especialmente importante para os cães mais velhos, porque, se estiverem com sobrepeso, aumentam suas chances de sofrer várias doenças que prejudicarão sua saúde geral. Se o seu cão já estiver lidando com o SDC, isso só irá piorar as coisas.
Atividades
Manter o cão sempre ativo irá ajudar a deixar sua saúde física e psicológica em dia, pois, assim como nos humanos, o sedentarismo causa sérios problemas físicos e mentais.
As caminhadas devem ser diárias, com duração de 20 a 30 minutos. É interessante sempre mudar o caminho dos passeios para que o cão possa captar cheiros e sons diferentes, e também visualizar pessoas e objetos diferenciados a cada dia. Assim, ele irá exercitar o corpo e manter em funcionamento os sentidos como audição, olfato e visão, mantendo o cérebro sempre ativo.
Atividades internas também são indicadas para todos os tipos de cães, independente da raça, sexo e idade. Novos brinquedos aguçam a curiosidade e interesse do cão, por isso, o ideal é fazer um rodízio para que ele não enjoe e perca o interesse. Coloque alguns brinquedos durante o dia e, no final da tarde, recolha e coloque outros. No dia seguinte misture-os e repita esse rodízio.
Brinquedos interativos são uma ótima opção para manter o cérebro do cão em constante funcionamento, pois criam dificuldades para o cão pegar os petiscos ou a ração. Os mais comuns são bolas com ração ou petiscos colocados dentro. A comidinha vai caindo aos poucos, fazendo com que o cão role a bolinha com o focinho ou as patas.
Dentes
Dentes não saudáveis são uma porta de entrada para todos os tipos de possíveis problemas, piorando à medida que envelhecem, podendo afetar a saúde física e mental do cão.
Para evitar o tártaro precoce nos dentes do cão, evite dar a ele somente alimentação pastosa. Uma das principais funções da ração industrializada é justamente limpar a dentição do animal, removendo boa parte do alimento que fica aderido aos dentes. Por ser dura, durante a mastigação os grãos fazem a limpeza dos dentes.
Realizar a escovação periódica dos dentes do animal evita o acúmulo de tártaro e mantém a dentição saudável.
Caso o cão já apresente uma dentição com muito tártaro, é recomendada a remoção dessas placas. Esse é um procedimento cirúrgico simples, realizado por veterinário.
Cães muito idosos
É importante que os donos saibam como lidar com cães muito idosos, principalmente com aqueles mais debilitados e que apresentam sinais graves da “SDC”. Nesses casos o cão necessita de muito apoio e cuidados.
Evite forçá-lo a fazer grandes caminhadas ou brincadeiras. Deixe que ele demonstre interesse em brincar ou interagir com pessoas ou outros cães. Mantenha-o à vontade e com fácil acesso a água fresca e alimento.
Procure dar o máximo de atenção e carinho possíveis ao cão. Tudo bem que talvez ele tenha aprontado um pouco na fase de filhote, mas lembre-se de que ele foi o seu companheiro por todos os anos de sua vida, te amando e desejando estar perto de você a todo momento.
Infelizmente, esses seres que nos encantam e arrancam sorrisos de nossos lábios até nos momentos mais difíceis de nossas vidas vivem bem menos do que gostaríamos. Ame e cuide do seu cão assim como ele ama você!