Mundo
01/09/2013 09:29:14
Após três meses internado, Nelson Mandela deixa hospital
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que deixou neste domingo o hospital em que estava internado há três meses, mas ainda em estado crítico, encarna aos olhos do mundo os valores do perdão e da reconciliação.
Terra/AB
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\n \n O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que deixou neste\n domingo o hospital em que estava internado há três meses, mas ainda em estado\n crítico, encarna aos olhos do mundo os valores do perdão e da reconciliação. \n \n Líder da luta negra contra o regime racista da África do Sul,\n Mandela passou 20 anos em detenção. Libertado em 1990, quatro anos depois\n tornou-se o primeiro presidente negro democraticamente eleito em seu país. \n \n Caracterizado de "ícone mundial da reconciliação" pelo\n arcebispo Desmond Tutu, o preso político mais famoso do mundo se transformou em\n um chefe de Estado sem rancor, vencendo o desafio de liderar sem ódio o seu\n país no caminho de uma democracia multirracial e relativamente estável. \n \n O "Longo caminho para a liberdade" (título de uma autobiografia\n lançada em 1994) de Nelson Mandela começou no dia 18 de julho de 1918 na aldeia\n de Mvezo, em Transkei (sudeste), onde nasceu no clã real de Thembu, da etnia\n Xhosa. \n \n Cresceu na cidade de Qunu, onde viveu seus "anos mais\n felizes" de uma infância livre no campo. \n \n Seu professor o nomeou Nelson, mas seu pai o batizou de Rolihlahla\n ("para quem os problemas chegam", em xhosa). Muito jovem Mandela\n manifestou sua rebeldia que guiou seus passos por décadas. \n \n Quando estudante foi expulso da Universidade de Fort Hare por\n causa de um conflito sobre a eleição de representantes estudantis. No mesmo\n ano, aos 22 anos, fugiu de sua família para escapar de um casamento arranjado. \n \n Em Johanesburgo, o jovem estudou direito. Grande amante das\n mulheres e boxeador nas horas vagas, foi pupilo de Walter Sisulu, seu melhor\n amigo, e se filiou ao Congresso Nacional Africano (ANC). \n \n Com Oliver Tambo e outros jovens militantes impacientes, fundou a\n Liga da Juventude do ANC e passou a liderar o partido frente a um regime que\n institucionalizou o apartheid em 1948. \n \n Foi presos várias vezes e uma primeira vez acusado e julgado por\n traição (1961). O ANC foi interditado em 1960, assim, Mandela articulou a\n passagem da organização à luta clandestina e armada, no ano seguinte. \n \n Detido mais uma vez, foi julgado com o núcleo dirigente do ANC por\n sabotagem. Foi condenado à prisão perpétua. \n \n Durante seu julgamento, pronunciou sua defesa na forma de uma\n profissão de fé: "Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a\n dominação negra. Meu ideal mais precioso foi o de uma sociedade livre e\n democrática, onde todas as pessoas vivam em harmonia com igualdade de\n oportunidades. Espero viver o suficiente para alcançá-lo. Mas se for\n necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer".\n \n Em seus vinte e sete anos de prisão, passou dezoito em Robben Island, uma\n pequena ilha ao largo do Cabo. Durante os últimos anos de sua detenção, ele\n estabeleceu contatos secretos com o regime do apartheid, que estava cada vez\n mais desesperado. \n \n No dia 11 de fevereiro de 1990, "o preso 46664" apareceu\n novamente como um homem livre ao lado de sua esposa Winnie, que se tornou o\n símbolo feminino da resistência ao regime. \n \n No ano seguinte, as negociações entre o ANC e o governo, em meio à\n violência que beirava a guerra civil em 1993, selou a transição pacífica. \n \n Com o seu parceiro/adversário da época, o último presidente branco\n do apartheid Frederik de Klerk, Mandela compartilhou o Prêmio Nobel da Paz\n (1993). \n \n Triunfalmente eleito na primeira eleição democrática do dia 27 de\n Abril de 1994, Mandela marca desde o seu discurso de posse a missão que guiaria\n a sua presidência. \n \n "Nós construiremos uma aliança comprometida com a construção\n de uma sociedade em que todos os sul-africanos, negros e brancos, poderão andar\n de cabeça erguida, sem medo, tendo garantido o seu direito inalienável à\n dignidade humana: uma nação arco-íris céu em paz com si mesmo e o mundo".\n \n Adorado pelos negros, pouco a pouco ganhou o carinho dos brancos\n surpreendidos pela sua falta de amargura. Tornou-se para uma nação inteira\n "Madiba" (seu nome de clã, que virou o seu apelido). A África do Sul\n o cultua. Em 1998, no dia que completou 80 anos, casou-se com sua terceira\n esposa, Graça Machel, viúva do ex-presidente moçambicano, 27 anos mais jovem. \n \n Depois 2001, e um câncer de próstata tratado com radioterapia,\n Mandela se recolheu, trabalhando através da sua Fundação para a Infância, ele\n que nunca o viu crescer os seus próprios filhos. \n \n Nos últimos anos, "Madiba" diminuiu suas aparições em público. Foi hospitalizado\n por dois dias em janeiro de 2011 devido a uma infecção respiratória,\n consequência de uma tuberculose contraída na prisão. \n \n \n \n \n
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