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Mundo
05/07/2015 11:10:00
Blatter revela que França e Alemanha pressionaram por Copa no Catar
Suíço afirma que ex-presidentes Nicolás Sarkozy e Christian Wullf orientaram votos. Mandatário da Fifa diz não tem medo, mas não correrá riscos saindo da Suíça

GE/PCS

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Reeleito presidente da Fifa dias depois do maior escândalo da história da organização vir à tona, Joseph Blatter precisou abrir mão do cargo e, enquanto não realiza a transição, se vê isolado em meio às críticas externas e internas.

Um dos motivos dos ataques é a realização da Copa do Mundo no Catar- um país sem tradição futebolística, com temperaturas pouco agradáveis no verão e envolvido em denúncias de péssimas condições de trabalho. Mas Blatter garante que não teve papel na escolha.

Em entrevista ao jornal alemão "Welt", o ainda presidente da Fifa revelou que Alemanha e França, países com forte influência dentro da União Europeia, pressionaram pela realização do Mundial no país asiático. Ele citou os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e Christian Wullf, afirmando que eles orientaram a votação dos representantes de seus países no Comitê Executivo.

  • O paradoxo nesta questão é que tenho que explicar constantemente algo que realmente não é minha prioridade. Estou agindo de acordo com o princípio de que, se a maioria do Comitê Executivo optou por uma Copa do Mundo no Catar, eu tenho que aceitar. Sarkozy e Wullf tentaram influenciar seus eleitores. É por isso que agora temos uma Copa do Mundo no Catar. Aqueles que decidiram por isso deveriam tomar a responsabilidade - disse.

Blatter lembra que gigantes empresas alemães possuem relação intensa de negócios com o Catar. Desta forma, os donos destes empreendimentos teriam pressionado o presidente Wullf - que possui poder paralelo ao da chanceller Angela Merkel - a orientar a votação, ocorrida em dezembro de 2010.

  • Dê uma olhada nas empresas alemãs. A German Railways, Hochtief e muitas outras já tinham projetos no Catar antes da Copa do Mundo ser concedida. E a Fifa? Que coloque em prática as melhorias.

Presidida por Theo Zwanziger na época, a Federação Alemã admitiu que o presidente alemão conversou sobre as chances do Catar na votação. Já o craque Franz Beckenbauer, que na época também fazia parte do Comitê Executivo, jamais revelou seu voto. Sarkozy, por sua vez, teria se encontrado pessoalmente com Michel Platini, presidente da Uefa.

Sem viagens para não correr risco de extradição

Embora ainda não tenha sido acusado pela Justiça norte-americana por qualquer infração ou desvio de dinheiro na presidência da Fifa, Joseph Blatter tem noção que seu nome pode aparecer como suspeito a qualquer momento. Por isso, ele não pretende realizar viagens para eventos oficiais da Fifa nos próximos meses - a começar pela final do Mundial Feminino, neste domingo, no Canadá - por mais que ele diga não ter medo.

  • Todos têm medo da morte, por exemplo, mas sobre meu trabalho na Fifa, não tenho medo. Não tenho nada a temer. Até que tudo seja esclarecido, não correrei o risco em nenhuma viagem - diz.

Isto ocorre porque a Suíça - país onde Blatter nasceu e onde a Fifa tem sede - não extradita seu nativos. Entretanto, em qualquer outro local, ele poderia correr o risco de ser detido e depois enviado aos Estados Unidos para esclarecimentos, caso seja acusado. Uma possibilidade que seria mínima, por exemplo, na Rússia - que tem relação conturbada com os EUA e tem Vladimir Putin, um amigo pessoal, no comando. Com isso, há a possibilidade de Blatter dar as caras no sorteio das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, no final deste mês, em Moscou.

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