Sábado, 19 de Julho de 2025
Mundo
17/07/2025 15:20:00
'Brasil precisa agir antes que seja tarde', diz Tereza Cristina sobre 'investigação do Pix'
Uma semana após tarifaço, EUA instaurou investigação comercial, incluindo transações comerciais via Pix, e tensão com o setor produtivo brasileiro aumenta

CE/PCS

Imprimir

Horas depois do governo estadunidense instaurar uma investigação comercial contra o Brasil, a senadora sul-mato-grossense e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina afirmou que o país está demorando para “ir à mesa” negociar com os Estados Unidos e que a situação preocupa.

Em vídeo divulgado em suas próprias redes sociais, a campo-grandense comentou que o “que estava ruim, piorou”, lembrando também do tarifaço de 50% divulgado pelo país norte-americano em todos os produtos importados brasileiros.

“Hoje, com essa abertura de investigação, todo mundo vai perder muito mais, é mais ampla do que só o aumento de tarifas de 50%, que até ontem [terça-feira] era o grande problema entre Brasil e Estados Unidos”, disse Tereza.

Ainda, a senadora destaca que o governo brasileiro está demorando demais para começar uma negociação com Trump e que o presidente Lula já deveria ter definido um representante do alto escalão para ir até o país estadunidense.

Como consequências desse conflito comercial entre os países, Tereza Cristina cita que frigoríficos serão fechados, indústrias vão diminuir a produção até achar novos mercados, algo que ela cita ser muito difícil, que não é “apenas estalar os dedos e acontece”.

Mesmo diante desse cenário de preocupação, a parlamentar sul-mato-grossense termina dizendo que acredita que o Brasil pode alcançar sucesso nas negociações se tiver união, assim, desafogando as tensões que continuam pairando no ar.

Entenda a investigação

Documento a ser publicado nesta sexta-feira, 18, no Federal Register, o diário oficial dos EUA, sobre o processo de investigação contra o Brasil por práticas comerciais "injustas" traz críticas ao ambiente digital e regulatório brasileiros. O Escritório do Representante Comercial americano (USTR) afirma que atos e políticas brasileiras prejudicam empresas americanas de tecnologia, restringem a liberdade de expressão e impõem barreiras à inovação.

Segundo o texto, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e ordens judiciais "secretas" afetam diretamente plataformas dos EUA. "Cortes brasileiras emitiram ordens secretas instruindo empresas americanas de redes sociais a censurar milhares de postagens e desativar contas de dezenas de críticos políticos, incluindo cidadãos dos EUA, por discursos legais em solo americano".

Para o governo dos EUA, essa postura pode "aumentar significativamente o risco de dano econômico" às empresas e "restringir a liberdade de expressão, inclusive política". Outro ponto sensível é o favorecimento a soluções locais. O texto aponta que o Brasil adota "práticas injustas" ao "favorecer serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo", o Pix - que não foi citado nominalmente -, em detrimento de concorrentes internacionais.

O USTR também critica o regime de proteção de dados brasileiro, alegando que o País impõe "restrições excessivamente amplas à transferência de dados pessoas para fora do Brasil", o que dificultaria o fornecimento de serviços digitais e elevaria custos de compliance para empresas americanas.

Por fim, os EUA questionam a morosidade na concessão de patentes, especialmente no setor farmacêutico. Segundo o documento, o tempo médio de análise é de quase sete anos, chegando a 9,5 anos em medicamentos aprovados entre 2020 e 2024, o que "compromete a vigência da patente" e desestimula a inovação.

Resposta a Eduardo Bolsonaro

Nesta quarta-feira (16), em entrevista ao Globo News, a senadora de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina avaliou a anistia ampla defendida pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aos envolvidos no atos golpistas do 8 de janeiro, tratam-se um "problema interno".

Na opinião dela, é importante colocar-se no lugar do outro para entender a reação, e no caso de Eduardo Bolsonaro, está agindo em defesa do pai, o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

"Ele está agindo como o filho, preocupado com o pai, se sentindo perseguido e injustiçado, então ele está colocando a anistia, mas eu acho que isso é um problema interno", disse ela.

Tereza ainda ressaltou que, nesse momento é importante discutir como esse asunto será tratado no Brasil. "Como é que vamos tratar esse assunto da anistia e do julgamento de todos os que estão aí, que foram indiciados anteontem pelo Supremo e pela PGR. Então esse é um assunto interno”, opinou a senadora que foi Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil entre 2019 e 2022, durante o governo de Bolsonaro.

Além disso, a ex-ministra ainda ressaltou que misturar os dois temas pode prejudicar o país.

“Nós temos que começar a separar o assunto da anistia e do comércio e o Eduardo está fazendo essa vinculação, na intenção de defender o pai, mas isso pode ir contra o nosso país", afirmou Tereza na entrevista.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias