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ImprimirUma campanha contra o racismo lançada no Paraná foi vista e comentada por milhões de pessoas na internet.
A discriminação disfarçada. “Nas entrelinhas você percebe quando você está sendo discriminada”, afirma a consultora de vendas, Sonia Ribeiro.
A diferença salarial por causa da cor da pele. "Eu fazia o mesmo trabalho e ganhava menos de quem fazia o mesmo trabalho que eu", conta a cozinheira Malvina dos Santos.
Uma campanha contra o racismo institucional, aquele em que a pessoa é barrada já ao preencher uma ficha ou em uma entrevista de emprego, só porque é negra, foi lançada no Paraná e se espalhou rapidamente em todo o Brasil pela internet. A campanha mostra cenas da vida real, que podem ganhar interpretações racistas.
O vídeo mostra a reação de dois grupos de especialistas em recursos humanos, diante das fotos de brancos e negros exercendo os mesmos papéis.
Mediador: O que vocês veem nessa foto? Participante: Tá atrasado. Tá com pressa. Mediador: E essa? Participante: Ela é designer de moda. Participante: Escolhendo uma roupa para comprar. Participante: Executivo. Pode ser na parte de finanças, pode ser na área de RH. Participante: Tá limpando a casa dela, tá limpando a pia. Participante: Eu acho que é uma grafiteira. Tem jeito de grafiteira. Participante: O grafite é uma arte, não é vândalo não. Não é um vândalo.
E agora a interpretação do segundo grupo
Mediador: O que você vê nessa imagem? Participante: Alguém pichando o muro. Participante: Pichadora. Mediador: E ela? Participante: Diarista? Limpando a casa. Participante: Uma empregada doméstica. Participante: Bom, ele me lembra um segurança de shopping Participante: Motorista particular. Participante: Vendedora, ou poderia ser uma costureira. Participante: Parece uma pessoa fugindo. Participante: Um ladrão.
Segundo dados do IBGE, os negros ganham 42% menos do que os brancos. São maioria entre a população mais pobre: 75%. E entre os desempregados também: 63%.
Para um dos coordenadores da campanha, o racismo muitas vezes é invisível e há necessidade de conscientizar a população.
"Temos de falar sobre racismo sim porque o racismo existe, ele é criminoso e faz com que as pessoas não tenham oportunidade de acesso igual, não tenham igualdade, não tenham justiça", diz o assessor especial da juventude Edson Lau.
"Todas as pessoas têm sentimento, todas as pessoas têm capacidade, todas pessoas são bonitas dentro da sua raça", destaca Sônia.
A AssociaçãoBbrasileira de Recursos Humanos reconheceu que o preconceito ainda é uma realidade dentro das organizações. e afirmou que a área de recursos humanos das empresas deve sempre estimular a mudança dessa cultura.