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ImprimirA candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, venceu neste domingo (9) o segundo debate contra seu rival, o republicano Donald Trump, segundo 57% dos consultados pela emissora CNN. Dos entrevistados na pesquisa, 58% disseram antes do debate que apoiavam Hillary.
Os resultados mostraram uma clara vitória para Hilarry, com 57% dizendo que ela venceu, em oposição a 34% para Trump, de acordo com uma pesquisa da CNN/ORC.
Na opinião destes entrevistados, Hillary teve melhor desempenho no debate, mas ele não foi tão bom quanto o do primeiro debate presidencial, quando 62% dos entrevistados pela pesquisa disseram que a candidata democrata havia vencido. Embora Trump tenha perdido o debate, os entevistados também disseram que ele superou as expectativas.
Candidatos voltaram a se atacar Os candidatos se enfrentaram na noite de domingo em um debate marcado por tensão e troca de hostilidades. Sistema de saúde, crise migratória e impostos, além de temas mais polêmicos como as frases ofensivas de Trump em relação a mulheres e o uso de e-mails de um servidor particular por Hillary enquanto era Secretária de Estado, foram assuntos comentados por eles.
A tensão esteve presente logo no início do debate, quando os dois rivais subiram ao palco e não se cumprimentaram. O encontro, realizado na Universidade Washington em Saint Louis, no Missouri, ocupou o horário nobre da TV dos EUA – iniciou-se às 22h, no horário de Brasília.
Algumas das perguntas foram formuladas por eleitores que se declaram indecisos e foram selecionados pelo instituto de pesquisa Gallup para participar do palco.
Uma polêmica recente pautou o começo do debate: o jornal “Washington Post” divulgou, na última semana, um vídeo de 2005, no qual Trump conversa com Billy Bush, do programa “Access Hollywood”, e utiliza termos vulgares para falar sobre a tentativa de conquistar uma mulher casada, não identificada. Na gravação, o candidato republicano diz que, quando se é famoso, mulheres deixam que “você faça qualquer coisa”.
Questionado sobre o vídeo, Trump, que havia se desculpado pelos comentários, minimizou o tema, dizendo que não se orgulha do que falou, mas que "era uma conversa privada", "entre quatro paredes", e que "tem grande respeito pelas mulheres".
Hillary criticou seu oponente em relação ao tratamento às mulheres, e ele rebateu acusando o ex-presidente Bill Clinton, marido da candidata, de cometer assédio sexual. Na plateia estavam presentes quatro mulheres que acusam Bill Clinton de assédio sexual. A presença delas foi considerada uma provocação de Trump à adversária.
Hillary, em seguida, afirmou que seu adversário não tem disciplina para o cargo de presidente – o vídeo, de acordo com ela, representa exatamente quem é Trump, um candidato que rebaixou as mulheres durante a sua campanha. "Ele também atacou imigrantes, afro-americanos, latinos, pessoas com deficiência, muçulmanos e tantos outros", disse Hillary. Relembrou também que Trump nunca pediu desculpas sobre o que disse acerca desses grupos.
Poucas horas antes do debate, Trump voltou a criticar o marido de sua adversária. Ele divulgou em sua conta do Twitter uma entrevista recente com Juanita Broaddrick, que acusou Bill Clinton, em 1999, de tê-la estuprado duas décadas antes. Trump, em uma das respostas, reforçou que as ações de Bill Clinton são maiores que suas palavras.
Hillary 'na prisão'
Trump partiu para o ataque à Hillary criticando a adversária por usar o e-mail de trabalho em um servidor privado, na época em que era Secretária de Estado, e ameaçou levá-la perante a justiça se for eleito presidente.
"Se vencer, darei instruções ao procurador-geral de Justiça para que nomeie um procurador especial para que investigue a sua situação porque nunca houve tanta mentira e tanta coisa oculta", disse Trump.
Hillary disse que foi um erro, pediu desculpas, mas relativizou dizendo que não houve evidências de que o servidor tenha sido hackeado, nem que qualquer material secreto tenha caído em outras mãos. Afirmou que teve acesso a segredos importantes, que não foram vazados na época, como a perseguição a Bin Laden.
"É muito bom que alguém com o temperamento de Donald Trump não esteja a cargo da lei neste país", respondeu Hillary, ao que Trump retrucou: "Porque você estaria na prisão".
Elogio
Um dos momentos mais surpreendentes da noite aconteceu nos últimos minutos do evento, quando um eleitor presente no palco pediu que cada candidato apontasse no adversário um fator que considerasse positivo e que, por isso, respeitavam. Os candidatos se mostraram surpresos, assim como a plateia, que reagiu rindo.
Hillary disse que respeita os filhos de Trump, mas que não concorda com nada do que ele falava. Então, aproveitou os últimos momentos da noite para falar sobre sua campanha.
Trump disse que recebia a menção aos filhos como um elogio e que tem muito orgulho de sua família. Por sua vez, destacou na sua concorrente como ponto forte a sua persistência. "Ela não desiste. Eu respeito isso. Eu digo que gosto disso. Ela é uma lutadora", afirmou Trump. "Considero isso como uma grande característica", afirmou.
Saúde
Quando questionada sobre o sistema de saúde dos EUA, Hillary afirmou que melhorará o programa Obamacare, criado pelo atual presidente dos EUA. Afirmou que, se ele fosse descartado, como defende Trump, a população voltaria a ficar nas mãos das seguradoras. "Quero diminuir o preço e aumentar a qualidade", afirmou a candidata.
Trump se mostrou totalmente contrário ao programa de saúde. "Obamacare nunca vai funcionar, porque é caríssimo inclusive para o país", afirmou. "É um desastre completo." O republicano disse que é preciso substituir por algo que funcione e que seja mais barato.
Islamofobia
Uma eleitora muçulmana indecisa questionou sobre islamofobia. Trump disse que isso de fato é uma vergonha, mas que é preciso admitir que existe um problema: o "terror radical muçulmano". Ele citou os ataques de San Bernardino e Orlando, do 11 de setembro e de Paris para reforçar que existe um problema desprezado por Obama e Hillary – este tipo de terrorismo provocado por muçulmanos. Sua proposta é aplicar questionários aos seguidores desta religião que entrarem no país, perguntando sobre suas crenças.
Por sua vez, Hillary disse que deseja que todos tenham seu lugar nos Estados Unidos e que é perigosa a demagogia de Trump contra os muçulmanos. Para ela, os seguidores do islamismo devem se sentir parte dos EUA. Também afirmou que vai combater o "terrorismo violento e jihadista", que não representa a comunidade muçulmana.
Impostos
Trump disse, durante o debate, que pagou centenas de milhões de dólares em impostos, rebatendo uma crítica feita por Hillary de que ele não divulga sua declaração.Prometeu reduzir a carga tributária da população de classe média e reforçou que sua adversária propõe justamente o contrário – o aumento dos impostos.
Hillary respondeu que quer investir nas famílias trabalhadoras, já que os ganhos têm ido para as pessoas que estão no topo da pirâmide de renda. Por isso, aumentará os impostos de quem ganha milhões de dólares.
Síria e Rússia
Sobre a crise na Síria, Hillary mencionou que defende zonas aéreas seguras, sem bombardeios, além da proximidade dos Estados Unidos com seus aliados em terra. Afirmou que deve haver mais investigações sobre os crimes cometidos por russos e pelo regime sírio.
A moderadora Martha Raddatz, jornalista da ABC News, perguntou a Hillary se ela usaria forças americanas em terra na Síria. Ela disse que não, que isso seria um erro, mas defendeu o uso de forças especiais, que treinam as forças locais. A candidata disse esperar que, quando se tornar presidente dos EUA, o Estado Islâmico tenha sido expulso do Iraque. Afirmou também que considera armar os curdos na Síria, porque são a principal força em terra para combater o grupo extremista.
Já Trump disse que a principal preocupação é atacar o Estado Islâmico. Criticou a "estupidez da política externa" dos EUA, quanto ao Iraque, à Líbia e à Síria, e defendeu o presidente sírio Bashar al-Assad, que estaria "matando o EI".
Quando foram mencionados os recentes vazamentos de e-mails do Partido Democrata, Hillary denunciou que a Rússia invadiu sistemas cibernéticos americanos para influenciar as eleições a favor de seu adversário.
"Acreditem, eles não estão fazendo isto para que eu seja eleita. Estão fazendo isto para influenciar a eleição a favor de Donald Trump", disse a ex-secretária de Estado. Em resposta, Trump disse que esta versão era "ridícula".
Energia
Um eleitor perguntou ainda sobre a política energética, se os candidatos vão investir em energia limpa sem demitir profissionais do setor convencional. Trump disse que os EUA estão matando os negócios energéticos e mencionou que a atuação da China, por exemplo, de levar aço aos Estados Unidos destrói a indústria siderúrgica americana.
Hillary disse que a transição ao gás natural e a um setor energético mais "limpo" é importante por conta das mudanças climáticas e também vai criar novos empregos. Observou ainda que pela primeira vez os EUA estão independentes em relação a energia, o que dá mais liberdade e poder ao país em relação ao Oriente Médio.