Mundo
01/11/2013 11:50:53
Menina de 14 anos enterra mãe e irmãs mortas de sede tentando cruzar o Saara
Elas eram, acredita-se, migrantes, que morreram de sede depois de uma sucessão de eventos que começou com uma pane em um dos caminhões em que viajavam.
Terra/PCS
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Os corpos\n de 92 pessoas foram encontrados no Deserto do Saara, no norte do Níger, na\n quinta-feira. Elas eram, acredita-se, migrantes, que morreram de sede depois de\n uma sucessão de eventos que começou com uma pane em um dos caminhões em que\n viajavam.\n \n "Estávamos\n indo para a Argélia visitar parentes. Éramos mais de 100 em um comboio de dois\n veículos. Nosso caminhão quebrou e foi preciso um dia inteiro para consertá-lo.\n Depois disso, a água acabou.\n \n Quando\n ficamos muito cansadas, nos sentamos embaixo de uma árvore e foi quando uma de\n minhas irmãs morreu. E foi lá onde a enterramos\n \n Shafa \n \n Conseguimos\n encontrar um poço, mas a água era pouca. Os motoristas pediram que a gente\n aguardasse no local, enquanto eles fossem atrás de mais água.\n \n Mas uma\n noite e um dia depois eles não tinham retornado, e foi quando as pessoas\n começaram a morrer de sede. No segundo dia sem água, 15 pessoas do grupo\n morreram.\n \n Continuamos\n a viagem levando os corpos conosco e foi quando o segundo caminhão voltou\n trazendo água, graças a Deus.\n \n Cruzamos\n com forças de segurança da Argélia, mas os soldados deram meia volta porque não\n poderiam ser vistos nos ajudando. Seria ilegal.\n \n Eles\n disseram que teríamos de nos esconder dentro de uma trincheira, onde passamos\n mais uma noite sem água. Muitas mulheres e crianças morreram. Os motoristas\n tinham um pouco de água, mas não dividiram conosco.\n \n De lá\n fomos levados de volta para o Níger e, ao entrarmos no país, os motoristas\n retiraram os corpos do caminhão e os enterraram. As mães primeiro e as crianças\n por cima.\n \n Eles\n disseram que seríamos levados de volta para nossa cidade, mas no meio do\n caminho a gasolina acabou. Eles pediram dinheiro para comprar mais combustível\n e disseram que teríamos de descer dos caminhões. Nunca mais voltaram.\n \n Esperamos\n dois dias no deserto, sem comida, sem água, até que decidimos começar a andar.\n Alguns veículos passaram, tentamos pará-los sem sucesso. Um dos carros até\n atropelou e matou três que estavam no nosso grupo.\n \n Àquela\n altura éramos oito, incluindo minha mãe e minhas irmãs mais novas. Quando\n ficamos muito cansadas, nos sentamos embaixo de uma árvore e foi quando uma de\n minhas irmãs morreu. E foi lá onde a enterramos.\n \n Continuamos\n andando e no dia seguinte minha outra irmã morreu. No terceiro dia, minha irmã\n morreu. Eu mesma as enterrei. Nenhum dos carros que passavam queria parar para\n me socorrer.\n \n Depois de\n um tempo eu encontrei uma árvore, sentei-me à sombra e quando estava quase\n desistindo um carro passou. Eu tirei a blusa e comecei a acenar vigorosamente.\n O motorista parou e perguntou o que tinha acontecido. Eles me deram leite, água\n e um biscoito de arroz.\n \n Pelo que\n soube, apenas eu, uma menina e 18 homens sobreviveram. Éramos mais de 100\n \n Shafa \n \n E foi\n assim que consegui chegar a Arlit, onde me reuni com meu avô. E aqui estou. Meu\n pai faleceu há um tempo, e agora perdi minha mãe e minhas irmãs.\n \n Estou\n morando com minha tia. Pelo que soube, apenas eu, uma menina e 18 homens\n sobreviveram. Éramos mais de 100".\n \n \n
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