Agência Brasil/AB
ImprimirNa abertura da reunião sobre a Década Internacional de Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU), hoje (3), o alto comissário para os Direitos Humanos da organização, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse que, em tempos de desaceleração econômica, os afrodescendentes são fortemente afetados e aumenta ainda mais a distância entre ricos e pobres.
Segundo ele, é fundamental que os governantes implementem políticas sociais direcionadas aos afrodescendentes para assegurar igualdade de oportunidades a essa parcela da população. “Houve descaso e falta de investimento público nos bairros que são predominantemente de afrodescendentes. Isso precisa ser revertido. Reduzir as desigualdades é fundamental para alcançar as metas de desenvolvimento adotadas pelos líderes neste ano”, disse Hussein, referindo-se aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável acordados este ano pelos países-membros da ONU.
A Década Internacional de Afrodescendentes foi proclamada pela assembleia geral da ONU e vai de 2015 a 2024. Os temas da década estão estruturados em três eixos que são reconhecimento, justiça e desenvolvimento. Com a adoção, a comunidade internacional está reconhecendo que as pessoas de ascendência africana representam um grupo distinto cujos direitos humanos devem ser promovidos e protegidos, de acordo com a ONU. O encontro de hoje, em Brasília, reúne participantes da América Latina e do Caribe e é primeira reunião sobre a Década Internacional de Afrodescendentes.
A ministra do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, apresentou aos participantes do evento ações do governo brasileiro para o combate às desigualdades raciais. Ela disse que a perspectiva de combate a esse tipo de desigualdade está presente nos programas sociais e no modelo de desenvolvimento adotados pelo governo brasileiro. “No início desta década, 12 em cada 100 negros viviam na extrema pobreza, no Brasil. Em 2014, esse número caiu para 3,6 e o nível pobreza da população negra caiu 71%”, disse Nilma.
Entre as propostas da Década Internacional de Afrodescendentes estão a adoção ou reforço de leis antidiscriminatórias abrangentes e ações para garantir sua efetiva implementação, além do comprometimento dos Estados em assegurar o acesso a serviços de saúde e educação de qualidade aos afrodescendentes.
O representante do Movimento Social Afrodescendentes da Venezuela, Diógenes Díaz, disse que a única forma de acabar com a pobreza e desigualdades sociais é mudar os modelos sociais. “Esse é um sonho, mas é um sonho que é possível”. Segundo ele, é necessário criar um fórum permanente de afrodescendentes nas Nações Unidas para que os temas ligados a esse grupo estejam em permanente debate com a participação das organizações da sociedade civil.