G1/PCS
ImprimirO presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, afirmou nesta quinta-feira (26) que não vai mais comparecer à reunião com o presidente americano, Donald Trump, que estava agendada para a próxima terça-feira (31).
"Nesta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça com o @POTUS (presidente dos EUA)", postou Peña Nieto em sua conta no Twitter.
Trump assinou nesta quarta-feira (25) uma ordem executiva para iniciar a construção de um muro na fronteira com o México, uma das principais e mais polêmicas promessas de campanha do republicano.
Após a assinatura, Peña Nieto disse que lamentava e reprovava a decisão, e reiterou que seu país não pagará pela construção do muro, como defendia Trump. "O México não acredita nos muros. Já disse várias vezes, o México não pagará nenhum muro", declarou, em um vídeo publicado no Twitter.
Peña Nieto também ordenou que os 50 consulados mexicanos nos EUA reforcem suas medidas de proteção e "se convertam em autênticas defensorias dos direitos dos imigrantes". No vídeo, ele não falou sobre a viagem a Washington.
Mais cedo, nesta quinta, Trump afirmou que Peña Nieto deveria cancelar sua visita a Washington, se o México se recusar a pagar pelo muro.
“Os EUA têm um déficit de US$ 60 bilhões com o México. Tem sido um acordo de apenas um lado desde o início do Nafta, com números massivos de empregos e empresas perdidas. Se o México não quer pagar pelo tão necessário muro, seria melhor cancelar o encontro”, escreveu Trump no Twitter.
Até US$ 15 bilhões
O líder republicano do Senado dos EUA, Mitch McConnell, disse nesta quinta que o muro na fronteira com o México deve custar entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.
Em uma entrevista concedida à ABC News divulgada antes da assinatura da ordem nesta quarta, Trump disse que a construção do muro na fronteira com o México começará "assim que possível". Questionado sobre se seria uma questão de "meses", o presidente disse: "Eu diria em meses". Segundo o presidente, o planejamento da construção começa imediatamente.
Na entrevista, Trump também afirmou que a construção será financiada pelos contribuintes americanos, mas que "relativamente em breve" o país começará uma negociação de reembolso com o país vizinho.
"Seremos, de alguma forma, reembolsados pelo México, o que eu sempre disse", afirmou. "Seremos reembolsados em uma data posterior de qualquer transação que fizermos com o México", disse Trump.
Confrontado com a afirmação do presidente Enrique Peña Nieto, de que o México não pagará pelo muro, Trump disse: "Ele tem que dizer isso. Mas estou te dizendo que haverá um pagamento. Será de uma forma, talvez uma forma complicada", disse. "O que estou fazendo é bom para os Estados Unidos. Também vai ser bom para o México. Queremos um México muito estável, muito sólido", acrescentou.
Promessa de campanha
Entre as principais promessas de Trump durante a campanha estavam construir um muro ao longo de toda a fronteira com o México – e fazer o país vizinho pagar a conta (o que autoridades mexicanas já afirmaram não aceitar) – e deportar todos os imigrantes ilegais que vivem nos EUA.
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3 mil quilômetros (a distância entre São Paulo e Natal), e já existe algum tipo de barreira em um terço de sua extensão. As demais áreas ficam em regiões desérticas ou montanhosas, de difícil acesso.
Estima-se que 11 milhões de imigrantes vivam irregularmente nos EUA, muitos dos quais ingressaram por terra e jamais entraram nos registros do governo. Para dar conta da missão, Trump pretende triplicar para 15 mil o número de agentes de deportação.