Veja/PCS
ImprimirO primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou que o terremoto de 6,2 graus que atingiu a zona central do país na madrugada desta quarta-feira “deixou ao menos 120 mortos”.
O forte tremor provocou cenas de desolação em cidades localizadas em regiões montanhosas, de difícil acesso. “Os feridos foram levados para fora de Amatrice e Accumoli em helicópteros e ambulâncias. Foram 368 somente nesta manhã”, informou Renzi. “Há alguns problemas para o reconhecimento dos corpos, mas estamos trabalhando nisso.”
O balanço total de mortos sobe de hora em hora, já que há muita gente sob as pilhas de escombros e vários desaparecidos, explicou à imprensa Immacolata Postiglioni, porta-voz da Defesa Civil. Segundo a agência italiana de notícias AGI, ao menos 100 pessoas estão desaparecidas.
Dezenas de socorristas, policiais e voluntários trabalham sem descanso nas pequenas localidades de Amatrice e Accumoli, na região do Lácio, e Arquata del Tronto, na região de Marcas, as três mais afetadas pelo terremoto. O tremor, que foi sentido em Roma e Veneza, acordou a população às 3h30 locais (22h30 de terça-feira, horário de Brasília) e, desde então, foram registrados cerca de 200 tremores secundários.
O epicentro foi localizado perto de Nórcia, uma cidade da região da Úmbria, a 150 quilômetros de Roma, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Os feridos mais graves estão sendo levados à capital da província, Rieti, assim como a hospitais de Roma e Florença em helicópteros.
As autoridades decretaram estado de emergência e decidiram mobilizar o Exército para os trabalhos de resgate, que são particularmente complicados por se tratar de pequenas localidades montanhosas. O chefe da Defesa Civil, Fabrizio Curcio, confirmou à imprensa que “muitos edifícios ficaram destruídos”. As imagens transmitidas pela televisão eram dramáticas, com montanhas de pedras, edifícios rachados e casas destruídas pelo tremor. Os habitantes das localidades mais afetadas se preparavam para passar sua primeira noite ao ar livre.
“Ouvem-se apenas os gatos”
“Minha irmã está sob os escombros. Não dá sinal de vida. Aqui se ouvem apenas os gatos”, lamentou angustiado Guido Bordo, de 69 anos, enquanto esperava em Accumoli notícias sobre seus familiares. Os operadores pedem continuamente silêncio para poder ouvir os lamentos, gritos e sinais para poder escavar e tentar salvar as vítimas.
Uma família inteira, dois adultos e dois filhos, que estava de férias nessa região, perdeu a vida no tremor. “Salvei-me milagrosamente. Dez segundos foram suficientes para destruir tudo”, contou Marco, morador de Amatrice, ao jornal La Repubblica.
O prefeito do pequeno povoado de Accumoli, Sergio Pirozzi, contou que sua comunidade, situada a 40 quilômetros do epicentro, ficou completamente destruída. “Setenta e cinco por cento do povoado não existe mais”, lamentou, comovido, depois de confirmar danos no hospital local.
Muitos turistas estavam na região para participar das festas organizadas todos os anos em Amatrice por ocasião da criação de uma famosa receita de espaguete. “Os hotéis estavam todos lotados”, explicou o prefeito. Trata-se de uma das zonas com mais risco sísmico da Itália, país que possui uma geologia muito particular.
O papa Francisco interrompeu sua tradicional audiência de quarta-feira para manifestar sua dor pelas vítimas e disse ter ficado abalado com a notícia. Há sete anos, na região de Áquila, também no centro da Itália, um forte terremoto de 6,3 graus durante a madrugada deixou mais de 300 mortos .