Terra/PCS
ImprimirO Twitter anunciou nesta quinta-feira (28) o bloqueio de 200 perfis falsos na rede social, que estariam relacionados à tentativa do governo russo de manipular as eleições presidenciais dos Estados Unidos. A notícia veio após executivos da rede social terem sido intimados a depor perante uma comissão do Senado norte-americano, justamente para falarem sobre o assunto.
Os testemunhos, em si, seguem em segredo de Justiça, mas a temática abordada é a mesma sobre a qual o Facebook também foi levado a depor há alguns meses. O Senado quer saber de que forma as redes sociais desempenharam um papel sobre a opinião pública, resultando na eleição de Donald Trump, em 2016. Com a rede social do passarinho, entretanto, a situação foi um pouco mais complicada.
O senador Mark Warner, que lidera o comitê de inteligência que investiga o caso, taxou a abordagem do Twitter sobre toda a questão como decepcionante e ineficiente. Segundo ele, a empresa não tem a menor noção da importância de seu papel na sociedade, e menos ainda sobre a forma como pode influenciar decisões políticas dos cidadãos. Os executivos não teriam respondido muitas perguntas e, segundo ele, teriam soado surpresos com a ideia de que a rede social teria sido usada para manipulação.
Segundo o político, a maior parte das ações tomadas pelo Twitter está diretamente ligada ao outro pé desta investigação. Das 200 contas removidas da rede social, 22 estariam diretamente relacionadas a páginas e grupos falsos criados no Facebook, enquanto outras 179 seriam de usuários - reais ou bots - que tinham presença constante neles. Não houve, de acordo com Warner, nenhum esforço para localizar problemas específicos na própria plataforma.
Explicações ao público
O Twitter não respondeu diretamente às afirmações do senador, mas, em uma publicação oficial, disse estar trabalhando ativamente para lutar contra a propaganda política e manipulação. A empresa também revelou alguns números ao público, como forma de auxiliar as investigações e deixar tudo às claras.
117 mil aplicativos que eram usados para publicação de spam e "tweets de baixa qualidade" na plataforma foram bloqueados como parte dos esforços. A rede social também revelou que o jornal Russia Today, um dos veículos de imprensa que apoiam Vladimir Putin, gastou cerca de US$ 274 mil em anúncios durante os meses que precederam as eleições presidenciais dos EUA. Além das propagandas convencionais, 1,8 mil publicações teriam sido promovidas pela empresa, todas com foco no público norte-americano.
Entretanto, ao contrário dos pedidos da maioria dos senadores ligados à investigação, a companhia não anunciou medidas para regular a publicidade política em seus domínios, uma atitude já tomada pelo Facebook, por exemplo. O Twitter disse apenas estar trabalhando em tais normas, que devem ser reveladas no futuro, mas diz ter preferido, por enquanto, focar sua ação em spammers, bots e outros agentes que gerem tensão e atuem diretamente com o público.
O presidente Donald Trump continua negando qualquer associação com o governo russo com relação às eleições do ano passado. A investigação apura as atitudes de Moscou e um suposto uso de hackers para manipular a opinião pública em prol de um candidato mais favorável aos interesses do país. O Kremlin também nega qualquer ato desse tipo.