Polícia
10/05/2013 07:01:11
"Estou acobertando um monte de coisa", diz médico investigado pela PF
Escutas revelam indícios de que ex-diretor de hospital recebia propina. Operação Sangue Frio apurou desvios de cerca de R$ 1 milhão.
G1/PCS
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\n \n A Operação\n Sangue Frio, da Polícia Federal em conjunto com os Ministérios Públicos Federal\n e Estadual e a Controladoria-Geral da União, já conseguiu apurar o desvio de\n cerca de R$ 1 milhão em contratos irregulares fechados pelo Hospital\n Universitário, na gestão do médico José Carlos Dorsa.
O ex-diretor é acusado,\n entre vários crimes, de fraudar licitações e receber propina de empresas que\n prestavam serviços ao HU. O assunto foi mostrado em reportagem do Bom Dia MS\n desta quinta-feira (9).As\n investigações da Polícia Federal revelaram que, para fechar contratos com o\n hospital, fornecedores davam dinheiro ao então diretor da instituição. Em uma\n das ligações interceptadas com autorização da Justiça, em agosto de 2012, Dorsa\n combinaria como os valores seriam recebidos.\n \n Homem: Você está no HU?
\n Dorsa: Tô aqui já.
\n Homem: É... como que eu faço pra te entregar? Você quer que eu vá aí, ou\n quando você sair daí você me liga? Acabei de pegar!nbsp; Vai querer fazer o\n rateio, igual da outra vez? Deixou um documento em cada lugar.
\n Dorsa: Ah, sim. Exatamente. Mas aí seria em dois lugares, né.
\n Homem: É? Ué, fala pra mim qual você quer, que eu faço.
\n Dorsa: Aí a minha ideia seria: é Banco do Brasil, né... e o outro seria\n na Caixa.
\n Homem: Tá, eu tenho as duas. Metade em cada?
\n Dorsa: É. Tem que ser. É R$ 500 a menos, né.
\n Homem: Aham. Dá sim.
\n Dorsa: Aí retém isso, um extra. Depois você me dá, amanhã.
\n Homem: Então tá, beleza. Beleza, então.\n \n Em outra\n ligação, fica claro para a polícia o negócio ilícito. Irritado com algum\n problema no esquema, Dorsa decide mudar a estratégia na relação com os\n fornecedores.\n \n Dorsa: E aquele cara, não acertou?
\n Homem: Ele vai mandar uma parte terça, e outra parte na outra terça.
\n Dorsa: Que história é essa, terça e outra terça?
\n Homem: Não tem problema!
\n Dorsa: Claro que tem! Hoje é dia 20. Foi... faz um mês já.
\n Homem: Mas ele vai ajeitar esse negócio, fica tranquilo.
\n Dorsa: Ou regulariza, ou eu vou cancelar. Negócio é no mesmo dia! E lá,\n eu estou acobertando um monte de coisa? Errado.
\n Homem: Também acho. Dá só o dinheiro e pronto.
\n Dorsa: Ô cara, é o seguinte: como você já saiu do limite, vai ser o\n seguinte. Eu vou assinar de manhã, você vai acertar no dia anterior, senão não\n tem assinatura.\n \n Entre os\n investigados, está o primo de Dorsa, Antônio Carlos Cantero Dorsa, o Cacaio.\n Ele foi assessor do ex-diretor do HU e também trabalhava para uma empresa que\n prestava serviços ao hospital. Segundo a polícia, era Cacaio quem recebia a\n propina dos fornecedores e dividia o montante. Em uma das gravações autorizadas\n pela Justiça, Cacaio e Dorsa combinam a entrega do dinheiro.\n \n Dorsa: Cadê você, guri? Tô saindo aqui\n do HU, viu.
\n Cacaio: Ahn. Não, a hora que você quiser, a hora que você quiser, eu\n desço lá embaixo, você que sabe.
\n Dorsa: Você quer que passe aí, em frente da sua casa?
\n Cacaio: Você que sabe. Passa aí, então. E me avisa. Já tô chegando em\n casa, vou pegar o negócio e desço.
\n Dorsa: Tá bom, tchau.\n \n Em outra\n conversa, interceptada em setembro do ano passado, um dos fornecedores combina\n com Cacaio um encontro em uma agência bancária.\n \n Homem: Está tendo uma divergência no\n negócio lá no BB (Banco do Brasil). Você quer, você quer pegar uma parte hoje,\n outra amanhã?
\n Cacaio: É, dá pra pegar um pouco hoje porque o homem vai viajar amanhã à\n tarde.
\n Homem:nbsp; Então tá... vamos lá, então.\n \n A polícia\n já anexou ao inquérito a imagem do circuito interno da agência bancária, quando\n o atendente de caixa entrega vários maços de dinheiro ao homem que se encontrou\n com Cacaio na agência. Os investigadores descobriram também que Cacaio era\n cobrado pelos fornecedores quando atrasava o repasse dos contratos irregulares\n fechados com o HU.\n \n Homem:nbsp;\n E aí, meu\n irmãozinho! Eu tô daquele jeito, mais agoniado que...
\n Cacaio: Não, tem que chegar o negócio, lá, pra fazer pra você.
\n Homem: Então, mas o cara quer ir aí falar com o seu primo (Dorsa), aí.
\n Cacaio: Não é bom! Fala que não é bom!nbsp; Espera cair o negócio lá,\n que vai dar certo.
\n Homem: Então, porque o povo está me crucificando... os fornecedores\n nossos não estão esperando mais.
\n Cacaio: Você não precisa se preocupar em não receber, não vai ter\n problema! Fala pro pessoal aí que o papel está assinado. O negócio é cair o\n negócio (dinheiro) no troço lá, pra poder mandar pra você.
\n Homem:nbsp; Então, bicho, mas conversa com o Dorsa aí, aguenta outra\n bucha aí e dá prioridade pra nós aí, cara!
\n Cacaio: Deixa cair. Atrasou muita coisa. Ficou 5 meses sem orçamento,\n entendeu? A hora que tiver o negócio, vai ter o teu separado, lá. E eu não sei\n quando que vem o negócio, entendeu?
\n Homem: É, vem hoje, amanhã, e nunca vem, né?
\n Cacaio: É, vou ver, a hora que tiver lá, te aviso.\n \n A Polícia\n Federal ainda não concluiu as investigações e não tem prazo para isso. Técnicos\n analisam todo o material apreendido e reunido durante as buscas e as operações.\n É nessa etapa dos trabalhos que são feitos os cruzamentos de dados. "É uma\n gama enorme de documentos e materiais de mídia. Isso tudo está sendo submetido\n à nossa perícia para ser confrontado com as outras provas que nós temos do\n cometimento desses ilícitos todos", diz o superintendente da PF em Mato\n Grosso do Sul, Paulo Marcon.\n \n Cacaio: Tô quase pegando!
\n Dorsa: Eu tô em casa, te aguardando. Sim?
\n Cacaio: Ó, o velho vai mandar 38, completa 50 segunda.
\n nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;
\n Homem: Você precisa arrumar um lugar de guardar o dinheiro.
\n Cacaio: Eu tenho um cofrinho lá na minha casa. Tenho um cofre embutido.
\n Homem: O duro é que se eu comprar um cofre, vai despertar o olhar da\n mulher, né! E comprar um muito pequenininho também, a empregada põe embaixo do\n braço e leva tudo.
\n Cacaio: Leva embora, leva embora.
\n Homem: Não tem onde guardar esse dinheiro.
\n Cacaio : Ah, não tem!\n \n \n
O ex-diretor é acusado,\n entre vários crimes, de fraudar licitações e receber propina de empresas que\n prestavam serviços ao HU. O assunto foi mostrado em reportagem do Bom Dia MS\n desta quinta-feira (9).As\n investigações da Polícia Federal revelaram que, para fechar contratos com o\n hospital, fornecedores davam dinheiro ao então diretor da instituição. Em uma\n das ligações interceptadas com autorização da Justiça, em agosto de 2012, Dorsa\n combinaria como os valores seriam recebidos.\n \n Homem: Você está no HU?
\n Dorsa: Tô aqui já.
\n Homem: É... como que eu faço pra te entregar? Você quer que eu vá aí, ou\n quando você sair daí você me liga? Acabei de pegar!nbsp; Vai querer fazer o\n rateio, igual da outra vez? Deixou um documento em cada lugar.
\n Dorsa: Ah, sim. Exatamente. Mas aí seria em dois lugares, né.
\n Homem: É? Ué, fala pra mim qual você quer, que eu faço.
\n Dorsa: Aí a minha ideia seria: é Banco do Brasil, né... e o outro seria\n na Caixa.
\n Homem: Tá, eu tenho as duas. Metade em cada?
\n Dorsa: É. Tem que ser. É R$ 500 a menos, né.
\n Homem: Aham. Dá sim.
\n Dorsa: Aí retém isso, um extra. Depois você me dá, amanhã.
\n Homem: Então tá, beleza. Beleza, então.\n \n Em outra\n ligação, fica claro para a polícia o negócio ilícito. Irritado com algum\n problema no esquema, Dorsa decide mudar a estratégia na relação com os\n fornecedores.\n \n Dorsa: E aquele cara, não acertou?
\n Homem: Ele vai mandar uma parte terça, e outra parte na outra terça.
\n Dorsa: Que história é essa, terça e outra terça?
\n Homem: Não tem problema!
\n Dorsa: Claro que tem! Hoje é dia 20. Foi... faz um mês já.
\n Homem: Mas ele vai ajeitar esse negócio, fica tranquilo.
\n Dorsa: Ou regulariza, ou eu vou cancelar. Negócio é no mesmo dia! E lá,\n eu estou acobertando um monte de coisa? Errado.
\n Homem: Também acho. Dá só o dinheiro e pronto.
\n Dorsa: Ô cara, é o seguinte: como você já saiu do limite, vai ser o\n seguinte. Eu vou assinar de manhã, você vai acertar no dia anterior, senão não\n tem assinatura.\n \n Entre os\n investigados, está o primo de Dorsa, Antônio Carlos Cantero Dorsa, o Cacaio.\n Ele foi assessor do ex-diretor do HU e também trabalhava para uma empresa que\n prestava serviços ao hospital. Segundo a polícia, era Cacaio quem recebia a\n propina dos fornecedores e dividia o montante. Em uma das gravações autorizadas\n pela Justiça, Cacaio e Dorsa combinam a entrega do dinheiro.\n \n Dorsa: Cadê você, guri? Tô saindo aqui\n do HU, viu.
\n Cacaio: Ahn. Não, a hora que você quiser, a hora que você quiser, eu\n desço lá embaixo, você que sabe.
\n Dorsa: Você quer que passe aí, em frente da sua casa?
\n Cacaio: Você que sabe. Passa aí, então. E me avisa. Já tô chegando em\n casa, vou pegar o negócio e desço.
\n Dorsa: Tá bom, tchau.\n \n Em outra\n conversa, interceptada em setembro do ano passado, um dos fornecedores combina\n com Cacaio um encontro em uma agência bancária.\n \n Homem: Está tendo uma divergência no\n negócio lá no BB (Banco do Brasil). Você quer, você quer pegar uma parte hoje,\n outra amanhã?
\n Cacaio: É, dá pra pegar um pouco hoje porque o homem vai viajar amanhã à\n tarde.
\n Homem:nbsp; Então tá... vamos lá, então.\n \n A polícia\n já anexou ao inquérito a imagem do circuito interno da agência bancária, quando\n o atendente de caixa entrega vários maços de dinheiro ao homem que se encontrou\n com Cacaio na agência. Os investigadores descobriram também que Cacaio era\n cobrado pelos fornecedores quando atrasava o repasse dos contratos irregulares\n fechados com o HU.\n \n Homem:nbsp;\n E aí, meu\n irmãozinho! Eu tô daquele jeito, mais agoniado que...
\n Cacaio: Não, tem que chegar o negócio, lá, pra fazer pra você.
\n Homem: Então, mas o cara quer ir aí falar com o seu primo (Dorsa), aí.
\n Cacaio: Não é bom! Fala que não é bom!nbsp; Espera cair o negócio lá,\n que vai dar certo.
\n Homem: Então, porque o povo está me crucificando... os fornecedores\n nossos não estão esperando mais.
\n Cacaio: Você não precisa se preocupar em não receber, não vai ter\n problema! Fala pro pessoal aí que o papel está assinado. O negócio é cair o\n negócio (dinheiro) no troço lá, pra poder mandar pra você.
\n Homem:nbsp; Então, bicho, mas conversa com o Dorsa aí, aguenta outra\n bucha aí e dá prioridade pra nós aí, cara!
\n Cacaio: Deixa cair. Atrasou muita coisa. Ficou 5 meses sem orçamento,\n entendeu? A hora que tiver o negócio, vai ter o teu separado, lá. E eu não sei\n quando que vem o negócio, entendeu?
\n Homem: É, vem hoje, amanhã, e nunca vem, né?
\n Cacaio: É, vou ver, a hora que tiver lá, te aviso.\n \n A Polícia\n Federal ainda não concluiu as investigações e não tem prazo para isso. Técnicos\n analisam todo o material apreendido e reunido durante as buscas e as operações.\n É nessa etapa dos trabalhos que são feitos os cruzamentos de dados. "É uma\n gama enorme de documentos e materiais de mídia. Isso tudo está sendo submetido\n à nossa perícia para ser confrontado com as outras provas que nós temos do\n cometimento desses ilícitos todos", diz o superintendente da PF em Mato\n Grosso do Sul, Paulo Marcon.\n \n Cacaio: Tô quase pegando!
\n Dorsa: Eu tô em casa, te aguardando. Sim?
\n Cacaio: Ó, o velho vai mandar 38, completa 50 segunda.
\n nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;nbsp;
\n Homem: Você precisa arrumar um lugar de guardar o dinheiro.
\n Cacaio: Eu tenho um cofrinho lá na minha casa. Tenho um cofre embutido.
\n Homem: O duro é que se eu comprar um cofre, vai despertar o olhar da\n mulher, né! E comprar um muito pequenininho também, a empregada põe embaixo do\n braço e leva tudo.
\n Cacaio: Leva embora, leva embora.
\n Homem: Não tem onde guardar esse dinheiro.
\n Cacaio : Ah, não tem!\n \n \n
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