UOL/PCS
ImprimirO relatório da Polícia Federal sobre irregularidades na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) apontou que um policial lotado no órgão, nomeado pelo ex-diretor Alexandre Ramagem, recebeu pagamentos de propina de uma empresa contratada pela própria Abin.
Segundo a PF, o policial federal Felipe Arlotta Freitas recebia pagamentos mensais de R$ 5.000 de uma empresa de segurança que tinha acordo fechado com agência.
O relatório descreve que a gestão de Ramagem assinou contratos com a Berkana Tecnologia em Segurança, no valor de R$ 9,6 milhões. Ela, então, fechou um acordo de patrocínio com um canal de YouTube cujo sócio oculto seria Felipe Arlotta Freitas.
Esse canal foi aberto em nome da mãe do policial, de acordo com as informações levantadas pela Polícia Federal.
"Do exposto, os pagamentos mensais de R$ 5.000,00 realizados pela Berkana Tecnologia em Segurança LTDA à empresa DH Web Conteúdo e Mídia Social, sem prejuízo das outras empresas, gerida de fato por Felipe Arlotta de Freitas, sob a rubrica de 'patrocínio', configuram, na realidade, vantagem econômica indevida oferecida e recebida em razão do cargo ocupado por Felipe Arlotta Freitas na Abin, em evidente conflito de interesses", apontou o relatório final.
Arlotta fazia parte de um grupo de policiais federais levados para a Abin por Ramagem. Integrantes do seu círculo de confiança, eles executavam operações consideradas ilegais pela PF, como o monitoramento de adversários políticos.
Arlotta foi assessor especial do gabinete de Ramagem e coordenador do Centro de Inteligência Nacional da Abin. Por isso, a PF aponta que os pagamentos de propina eram devidos à influência do policial dentro da estrutura da Abin.
Por causa desses fatos, ele foi indiciado sob acusação de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato e prevaricação.
"Felipe Arlotta, no exercício de suas funções, ordenou e participou de ações clandestinas para fins privados, atuou diretamente na tentativa de encobrir ilícitos mediante a falsificação de documentos, comandou operações de inteligência sem amparo institucional, participou de atividades político-partidárias durante o exercício da função e utilizou interposta pessoa para ocultar a propriedade de empreendimento privado, em suscetibilidade usufruível do com recursos [sic] ou prestígio advindos do cargo", concluiu a PF.
Procurado por meio dos números de telefone que informou à PF, Arlotta não respondeu aos contatos feitos pelo UOL.
No ano passado, Arlotta compareceu à PF para prestar depoimento mas optou pelo direito ao silêncio. Na ocasião, ele entregou de forma espontânea seu celular aos investigadores.