Estadão/LD
ImprimirUm brasileiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e procurado pela Interpol é suspeito do atentado contra duas juízas paraguaias, no sábado, 9, em Pedro Juan Caballero, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Waldemar Pereira Rivas, o "Cachorrão", é acusado de ser o mandante da execução do jornalista Léo Veras, em fevereiro de 2020, em Pedro Juan.
As juízas, Mirna Carolina Ocampos Ramírez e Vivian Marina Quiñónez Vargas, que são irmãs, tiveram a casa em que moram alvejada por mais de 50 disparos de armas de fogo.
Os tiros estilhaçaram vidros, mas as juízas e sua mãe, que também estava na residência, não foram atingidas. Na semana passada, Mirna Ramírez integrou um tribunal de condenação que expediu ordem internacional de captura de Cachorrão.
Conforme o comissário Javier Gimenez, que investiga o caso, Cachorrão tem estreitas ligações com integrantes do PCC, presos na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero. Ainda no sábado, a unidade foi ocupada pela Polícia Nacional e 28 celas ocupadas por integrantes do PCC foram revistadas.
apresentou a acusação contra Rivas por associação criminosa e homicídio doloso pela morte do jornalista brasileiro
Cachorrão foi acusado de um latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrido em 30 de abril de 1998 em Dourados, no Mato Grosso do Sul. O crime foi praticado contra o douradense Nilson Soares, 25, que teve sua moto roubada. Waldemar Rivas foi preso dois anos depois em território paraguaio com a moto levada no assalto
Em 2008, ele foi extraditado para o Brasil para cumprir a pena por envolvimento no latrocínio e saiu em regime semiaberto em 2012. O sentenciado descumpriu o regime e voltou para Pedro Juan Caballero, onde já havia estabelecido contatos com o PCC, e se tornou membro da facção. O Brasil pediu a extradição de Rivas, mas o pedido só apareceu no sistema da Justiça paraguaia um dia depois que ele foi solto.
A reportagem não conseguiu contato com o defensor de Waldemar Rivas. No julgamento em que Cachorrão foi absolvido por falta de provas, a defesa apontou que a promotoria fez uma atribuição de autoria "inexistente e insustentável juridicamente".
O defensor explorou o fato de ter havido divergência sobre o veículo usado pelos assassinos de Léo Veras. Enquanto a promotoria apontava que o veículo era um Jeep Renegade, de propriedade de ‘Cachorrão’, a investigação policial falava em um Jeep Cherokee, que não pertencia a ele.