Quarta-Feira, 15 de Outubro de 2025
Polícia
14/10/2025 15:02:00
Celebridades, armas e PCC: a vida de luxo que levou Buzeira à prisão
A ação, realizada em quatro estados, contou com apoio da Polícia Criminal Federal da Alemanha (BKA)

Metropoles/PCS

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Foto: Redes sociais

O influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, de 28 anos, vivia cercado por carros de luxo, festas milionárias e amizades com celebridades.

Conforme a coluna revelou, ele foi preso nesta terça-feira (14/10) durante a Operação Narco Bet, da Polícia Federal (PF), que desarticulou um esquema internacional de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A ação, realizada em quatro estados, contou com apoio da Polícia Criminal Federal da Alemanha (BKA). Além da prisão de Buzeira, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e bloqueados R$ 630 milhões em bens e valores.

Segundo a PF, parte do dinheiro era lavado por meio de empresas de apostas eletrônicas (as chamadas BETs), que recebiam valores vindos do tráfico internacional.

Durante as buscas na casa do influenciador, localizada em um condomínio de alto padrão em Igaratá (SP), os agentes encontraram o que classificaram como um “arsenal de guerra”. Entre o material apreendido havia fuzis, pistolas, revólveres, munições, carregadores, rádios comunicadores e roupas de uso tático, todos armazenados de forma organizada em compartimentos da residência.

Fontes ligadas à investigação confirmaram à coluna que Buzeira mantém vínculos com integrantes do PCC. O grupo seria responsável por intermediar operações financeiras e remessas de valores oriundos do tráfico de drogas para o exterior.

O influenciador é apontado como um dos rostos “legítimos” usados para lavar o dinheiro da facção em apostas e rifas on-line, disfarçadas de promoções e sorteios.

Luxo, rifas e o “Cruzeiro do Neymar”

Antes de ser preso, Buzeira construiu uma imagem de sucesso e poder nas redes. Com mais de 15 milhões de seguidores no Instagram, exibia uma rotina de luxo: carros importados, joias de grife, viagens internacionais e helicópteros particulares.

O influenciador também promovia rifas e sorteios milionários de veículos esportivos e relógios de alto padrão.

Buzeira circulava entre nomes conhecidos do entretenimento e do esporte. Costumava aparecer em fotos e vídeos ao lado de funkeiros, jogadores de futebol e outros influenciadores digitais, e chegou a participar do Cruzeiro do Neymar, evento que reúne artistas e celebridades em alto-mar. Na ocasião, ele deu um colar de ouro avaliado em R$ 2 milhões para o jogador do Santos.

Ele também era amigo do rapper Oruam, que já foi preso pela Polícia Civil do Rio. Ambos foram vistos juntos em festas e viagens. Na época em que Oruam foi preso, Buzeira chegou a divulgar campanhas nas redes pedindo a libertação do artista.

Um dos momentos que mais simbolizam a ostentação de Buzeira foi seu casamento de R$ 10 milhões, realizado em julho deste ano. O evento reuniu artistas como MC Daniel e Fiuk, com direito a decoração luxuosa, shows exclusivos e presentes de alto valor. O influenciador publicou que “cada detalhe foi pensado para ser inesquecível”.

O império das apostas e a conexão internacional

A Operação Narco Bet é um desdobramento da Operação Narco Vela, que investigava o envio de cocaína por via marítima a partir do litoral brasileiro.

As novas apurações mostraram que parte dos lucros obtidos com o tráfico era reinvestida em plataformas de apostas eletrônicas e rifas on-line, com o auxílio de influenciadores, que funcionavam como “vitrine” de um estilo de vida baseado em dinheiro sujo.

Segundo a PF, o grupo usava criptomoedas, remessas internacionais e empresas de fachada para ocultar a origem ilícita dos valores. As investigações apontam para uma estrutura transnacional, com movimentações financeiras entre o Brasil, a Europa e os Estados Unidos.

Buzeira ainda não se manifestou publicamente após a prisão. Sua defesa não foi localizada pela reportagem.

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