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ImprimirMato Grosso do Sul tem cerca de cinco registros de estupro contra crianças e adolescentes por dia, apontam dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
De acordo com o sistema de estatística da Sejusp, neste ano, foram registrados 742 casos de violência sexual contra crianças e 517 nos quais as vítimas eram adolescentes.
Ao todo 1.565 ocorrências de estupro foram registradas pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública até o dia 18 de agosto. Cerca de 80% dos casos de estupro registrados no Estado em 2022 e 2023 tinham como vítimas crianças e adolescentes.
No ano passado, de acordo com a Sejusp, foram registradas 1.109 ocorrências de violência sexual contra crianças e 794 contra adolescentes.
Em entrevista para o Correio do Estado, o delegado titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), Pablo Gabriel Farias, confirmou que há um aumento nos números de casos registrados.
“Realmente houve um aumento no número de registros de estupro de vulnerável, no começo deste ano aconteceram casos que foram amplamente divulgados, e junto com isso foi divulgada a importância de se denunciar em toda a rede de proteção”, disse o delegado.
Com a repercussão de casos como o da menina Sophia Jesus Ocampo, estuprada e morta aos dois anos, percebeu-se na delegacia um aumento significativo nos registros de vítimas de estupro no Estado.
“Acredito que, com base nessa exposição dos casos, as pessoas têm procurado mais a delegacia para fazer os registros, denunciando mais”, acrescentou Farias.
O mesmo é observado pela delegada Anne Karine Trevizan. “O número de casos denunciados de violência contra crianças e adolescentes aumenta ano a ano, de forma gradual. Não é porque existem mais crimes, mas sim porque os casos são mais denunciados, as pessoas e as crianças mesmo têm mais conhecimento dos delitos, entendem e procuram a delegacia”, pontuou a delegada.
PLANTÃO DA DEPCA
No dia 3 de maio, foi inaugurado o Plantão Depca, na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac-Cepol), em Campo Grande, para atender de forma adequada crianças e adolescentes vítimas de violência.
Além do atendimento específico para crianças e adolescentes, com sala de depoimento e para registro de ocorrências especial, o Plantão Depca também tem à disposição das vítimas o atendimento do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol).
Segundo o delegado Pablo Farias, o local funciona 24 horas por dia, de segunda a sexta-feira, com atendimento da Depca no período noturno das 17h30min até 7h30min da manhã do dia seguinte, além de fins de semana e feriados, quando segue em regime de plantão com atendimento da Depac-Cepol.
Durante dois meses, o serviço funcionou na Casa da Mulher Brasileira, onde foram realizados 152 atendimentos. Conforme divulgado pelo Correio do Estado no dia 29 de maio, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) suspendeu exames de corpo de delito na Casa da Mulher Brasileira e na sede do Centro Especializado de Polícia Integrada (Cepol), na Capital.