Sexta-Feira, 11 de Julho de 2025
Polícia
11/07/2025 12:26:00
Criança estuprada pelo pai também pode ter sido vítima de maus-tratos e abandono
Menina de 1 ano e 9 meses morreu na quarta-feira, em Camapuã, após uma parada respiratória; polícia apura o caso

CE/PCS

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A investigação sobre a morte de uma menina de apenas 1 ano e 9 meses, que foi estuprada pelo pai, em Camapuã, também apura outros crimes que a criança possa ter sofrido, como maus-tratos e abandono.

A criança morreu na manhã de quarta-feira, após ser levada para o posto de saúde de Camapuã com insuficiência respiratória. A menina estava em tratamento de traqueostomia e chegou a ser trazida para Campo Grande para atendimento por causa disso.

Quando morreu, o pai da menina, um homem de 28 anos, confessou ter estuprado a criança na noite anterior à morte dela ao ser interrogado pela Polícia Civil. O homem foi preso em flagrante e indiciado por estupro de vulnerável com resultado morte.

O laudo necroscópico da causa da morte da criança ainda é esperado, mas, de acordo com o delegado Matheus Alves Vital, que investiga o caso, fatos anteriores à morte da menina também são apurados pela polícia, como uma possível negligência e outros crimes que ela possa ter sofrido ao longo de seu pouco tempo de vida.

“Estamos fazendo contato com todos os hospitais que ela passou por atendimento e vamos detalhar na investigação todos os crimes que a menina sofreu, como maus-tratos, abandonos, entre outros”, disse Vital ao Correio do Estado.

Um dos locais a serem procurados é o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap), em Campo Grande, onde a menina foi internada no dia 28 de junho, em função de uma infecção em sua traqueostomia.

Segundo nota do Humap, a criança apresentava a “presença de larvas e piolhos” na traqueostomia e também estava com pneumonia.

“[Ela] recebeu os cuidados necessários, foi submetida a cirurgia para retirada das larvas e troca da cânula, evoluiu bem e recebeu alta. Diante da situação de vulnerabilidade familiar observada durante a internação, o hospital informou os órgãos competentes para as devidas providências”, afirmou o Humap, em nota. Sobre o fato, a reportagem procurou o Conselho Tutelar, que prometeu responder em nota, mas, até o fechamento desta edição, não havia encaminhado o texto.

Após este acontecimento no hospital de Campo Grande, a menina voltou para Camapuã, onde morreu. Aos policiais, o pai contou que estava na casa de uma prima e que ele e a ex-esposa, mãe da menina e também de um menino, deitaram em um colchão na sala com os filhos.

Em dado momento, eles iniciaram uma relação sexual, momento em que o homem teria aproveitado o fato de a ex-companheira não conseguir ver a filha e estuprado a criança ao mesmo tempo em que fazia sexo com a mãe dela.

No dia seguinte, o homem narra que a criança teria acordado bem, mas que, depois que ele saiu para trabalhar, recebeu a informação por uma agente de saúde de que ela havia sido levada para o posto de saúde do município.

De acordo com a polícia, durante o atendimento médico, os profissionais da área da saúde identificaram que a criança apresentava indícios de abuso sexual e acionaram as autoridades. A menina morreu logo após dar entrada na unidade.

O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) de Costa Rica, para exame necroscópico e sexológico.

Em conversa com a polícia, o homem alegou que teria estuprado a própria filha, que estava doente, por já ter sido abusado quando criança. O pai alega que precisa de “tratamento médico” em razão de um suposto choque emocional que ele carrega desde a infância por “diversos traumas de abuso infantil”.

O homem afirmou que um primo mais velho havia abusado dele por diversas vezes e que não teria conseguido “segurar seus impulsos sexuais” contra a filha enferma.

O caso é investigado em segredo de Justiça e a prisão preventiva do pai foi solicitada.

ESTATÍSTICA Este é apenas o quarto caso de Mato Grosso do Sul registrado como estupro de vulnerável com resultado morte desde 2015, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). O primeiro ocorreu em 2017, o segundo, em 2019 e o terceiro, em 2023.

Em relação aos casos de estupro, ainda segundo dados da Sejusp, de janeiro a junho deste ano, foram registrados 1.028 vítimas em Mato Grosso do Sul. O público mais afetado foram as crianças, com 447 vítimas, seguido das adolescentes, com 374. A maioria esmagadora dos casos são relativos a mulheres (888 vítimas).

Em todo o ano passado, foram registrados 2.586 vítimas, das quais 1.645 eram crianças.

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