Polícia
12/10/2013 06:55:02
Facção criminosa tenta levar casos do PCC ao Supremo Tribunal Federal
A ação dos bandidos foi detectada pela primeira vez em 2010, após registrarem dificuldade de obter benefícios para presos no Estado
Estadão/PCS
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O crime\n organizado quer influenciar as decisões do Supremo Tribunal Federal e se\n infiltrar na corte. É o que demonstram as interceptações telefônicas feitas\n pelo Ministério Público. \n \n A ação\n dos bandidos foi detectada pela primeira vez em 2010 e envolveu uma articulação\n entre pelo menos dois integrantes da Sintonia Final Geral, a cúpula da facção,\n e advogados que trabalhariam para a Sintonia dos Gravatas, o departamento\n jurídico do PCC.\n \n No dia 28\n de agosto de 2010, à 0h46, Daniel Vinícius Canônico, o Cego, conversou com uma\n advogada identificada pelo MPE como Maria Carolina Marrara de Matos. Ele\n reclama de que dificilmente um benefício legal é concedido aos detentos da\n Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde está a maior parte da cúpula da\n facção.\n \n A\n advogada revela então o plano de reunir diversos recursos negados pela Justiça\n de São Paulo aos integrantes da facção, como pedidos de concessão do regime\n semiaberto. Diz a Cego que o "irmão" dela "foi chamado para\n trabalhar com um ministro, o (Ricardo) Lewandowski".\n \n O\n Estado procurou entre os funcionários do gabinete do ministro algum que\n tivesse o mesmo sobrenome. Não encontrou. Também procurou a advogada nesta\n sexta-feira. Ela negou que conhecesse alguém no STF. Disse que seu irmão não\n trabalha lá. "A acusação é um absurdo e eu tenho como provar", disse.\n \n No\n telefonema, Cego pede que a advogada faça o que propõe e ela afirma que vai a\n Brasília falar com o ministro. Não há nenhuma indicação na investigação de que\n a conversa realmente tenha ocorrido.\n \n Em 15 de\n setembro de 2010, os investigadores surpreenderam um dos maiores traficantes do\n PCC, Edilson Borges Nogueira, o Biroska, pedindo para sua mulher que procurasse\n uma advogada identificada como Lucy de Lima. A advogada devia contatar um\n político de Diadema, no Grande ABCD, para que ajudasse a obter benefícios no\n cumprimento de sua pena.\n \n O\n político era um vereador da cidade - Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT). Ao\n Estado, Maninho disse que teve contato com Biroska apenas quando era\n criança, pois o pai dele ("Seu Nonô") era guarda da prefeitura de\n Diadema e o irmão é metalúrgico. Maninho militou no sindicato dos metalúrgicos.\n "Repudio o PCC, mas gosto muito de seu Nonô." Maninho negou que tenha\n sido procurado pela advogada.\n \n Biroska\n queria que o vereador testemunhasse em seu favor. A investigação não detectou\n se o político foi contactado pelo PCC. Biroska é o chefe do tráfico em Diadema.\n Dias antes (24 de agosto), Biroska conversa com uma mulher identificada como a\n advogada Lucy. Ela trata do recurso que está tentando para ajudar seu cliente e\n afirma que vai se encontrar com um ministro do STF. Ela quer tratar de um\n habeas corpus cujo relator, segundo o MPE, era Joaquim Barbosa - o ministro\n negou o habeas corpus.\n \n Resistência\n \n O Estado\n procurou ainda a advogada Lucy e deixou recado no telefone celular. Nenhuma das\n advogadas foi denunciada pelo MPE. A tentativa de influenciar os tribunais\n superiores teria como objetivo vencer as resistências encontradas pelos\n bandidos para a concessão de benefícios.\n \n \n
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