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Polícia
20/02/2013 09:00:00
Fazendeiro admite ter atirado no adolescente indígena morto em Caarapó
O fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, 61, confessou ter atirado no adolescente guarani-kaiowá de 15 anos, Denílson Barbosa.

Agência Brasil/LD

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\n \n O fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, 61, confessou ter\n atirado no adolescente guarani-kaiowá de 15 anos, Denílson Barbosa. O corpo do\n jovem morador da aldeia tey´ikue, localizada na área indígena Caarapó, em\n Caarapó (MS), a cerca de 50 quilômetros de Dourados (MS), foi encontrado no\n último domingo (17) em uma estrada vicinal que separa a aldeia de algumas\n fazendas.\n \n Segundo o delegado regional de Dourados, Antonio Carlos Videira, o\n proprietário da fazenda Sardinha se apresentou ontem (19) à noite na delegacia\n de Caarapó e confessou a participação no crime. Em seu depoimento o fazendeiro\n informou que estava só na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros,\n que correram para a área do criadouro de peixes. Ao perceber o movimento,\n Gonçalves disse ter disparado dois tiros.\n \n De acordo com o delegado, Gonçalves estava acompanhado de sua\n advogada, prestou depoimento e foi liberado em seguida.nbsp;\n \n A delegada responsável pelo inquérito policial instaurado para\n apurar o caso, Magali Leite Cordeiro, esteve na manhã de hoje (20) na reserva,\n acompanhada por investigadores da Polícia Civil e representantes da Fundação\n Nacional do Índio (Funai) e apreendeu uma arma de propriedade do fazendeiro.\n \n Conforme o coordenador substituto do escritório da Funai em\n Dourados, Vander Aparecido Nishijima, informou ontem (19) quenbsp;as primeiras\n notícias davam conta de que Denílson Barbosa saiu para pescar com o irmão mais\n novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde. Aparentemente, os três\n pretendiam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena e\n que cruza algumas fazendas próximas.\n \n Segundo o testemunho dos dois índios que acompanhavam Barbosa, os\n três foram abordados por homens armados quando passavam próximo a um criadouro\n de peixes. Os dois índios disseram também que os três homens atiraram. Na fuga,\n Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos\n pistoleiros e agredido. Ontem (19), Nishijima esteve na área acompanhado por\n líderes indígenas e ouviu a versão do irmão de Denilson. Na língua guarani ele\n reforçou o que já havia dito na aldeia, logo depois do incidente, identificando\n três homens por apelidos.\n \n Revoltados, parentes do adolescente e moradores da aldeia ocuparam\n a fazenda onde o crime teria ocorrido e enterraram o corpo de Denilson. Os\n índios já reivindicavam a área onde, hoje, o fazendeiro cria gado e planta\n soja, como sendo território tradicional indígena, parte do antigo tekoha\n (território sagrado) Pindoty, ocupado pelos kaiowás muito antes da expulsão de\n comunidades indígenas, ao longo do século 20.\n \n De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a\n propriedade estava deserta quando os índios chegaram ao local. Depois de\n enterrarem o corpo do adolescente, cerca de 300 índios permaneceram no interior\n da fazenda. O grupo planeja fazer uma série de protestos para chamar a atenção\n para o assassinato e para os conflitos por terras entre índios e fazendeiros. O\n Cimi informou também que a comunidade reivindica a presença permanente da Força\n Nacional na área como forma de garantir a proteção das famílias indígenas.\n \n Cerca de 5 mil índios vivem na Terra Indígena de Caarapó, que mede\n cerca de 3,5 mil hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados,\n aproximadamente as medidas de um campo de futebol oficial). De acordo com o\n Cimi, desde a criação do território indígena, em 1924, os índios são obrigados\n a pescar fora de sua reserva, já que não há peixes nas nascentes dos córregos\n existentes no interior da reserva. Segundo o Cimi, isso tem provocado problemas\n e conflitos recorrentes. \n \n \n \n \n
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