MMN/PCS
ImprimirA Justiça manteve a prisão dos alvos da Operação Grilagem de Papel, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A ação ocorreu no final de maio, em Coxim.
Ao proferir a decisão, o desembargador Waldir Marques considerou que os envolvidos formam uma ‘organização criminosa complexa e bem articulada’.
“Se a decisão de primeiro grau foi idoneamente fundamentada na garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade concreta dos delitos, cujos elementos extraídos até então demonstram, [há] a existência de uma organização criminosa complexa e bem articulada, com a finalidade de praticar os crimes de falsidade ideológica, lavagem de capitais, inserção de dados falsos em sistema de informação”, diz o documento.
Assim, permanecem presos Rodrigo Ferreira Lima, empresário e ex-gerente de Tributação da Prefeitura de Coxim (apontado como chefe do esquema); Thiago Cruz Cassiano da Silva, arquiteto e ex-gerente de Habitação; Márcio Rodrigues da Silva, escrivão da PC (Polícia Civil) cedido para a da gerência de Tributação; e Ivaldir Adão Albrecht Junior, amigo de Rodrigo que intermediava negociações.
Grilagem de Papel
O Gaeco deflagrou a segunda fase da Grilagem de Papel na manhã do dia 27 de maio e cumpriu quatro mandados de prisão em Coxim. Além disso, quatro medidas cautelares e nove mandados de busca e apreensão.
Durante a operação, as equipes apreenderam aparelhos celulares e documentos relacionados à regularização fundiária urbana (Reurb) e à transmissão de imóveis dos investigados.
O Gaeco fez buscas e apreensões em diversos endereços, a maioria de pessoas que já fizeram negócio com Rodrigo. Entretanto, a ação também ocorreu na Prefeitura de Coxim, no Cartório de Registro de Imóveis, em residências de funcionários, escritórios de advocacia, dentre outros.
A operação cumpriu ainda três ordens de afastamento de servidores públicos de seus cargos, em razão de suspeitas de envolvimento nos crimes. Os alvos acabaram investigados por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros crimes correlatos.
Como funcionava o esquema?
Conforme apurado até o momento, a organização criminosa, integrada por particulares e servidores públicos, teria fraudado a expedição de diversas certidões de regularização fundiária de terrenos desocupados em Coxim, mas com propriedade definida, sem seguir o procedimento exigido em lei.
A partir dessas certidões ilegais, as propriedades eram transferidas no Cartório de Registro de Imóveis para os próprios envolvidos, seus familiares ou terceiros que pagavam propina para esta finalidade.
O nome da Operação Grilagem de Papel faz alusão à apropriação ilegal de terrenos de terceiros, por meio de documentos fraudulentos.