\n \n No período de férias escolares a preocupação com o uso de linhas\n de cerol para soltar pipas aumenta. A Deaij (Delegacia Especializada em\n Atendimento à Infância e Juventude) tem intensificado suas ações na tentativa\n de educar e conscientizar que a prática, além de ser ilegal, pode trazer\n prejuízos irreversíveis às vítimas do cerol, uma mistura de pó de vidro e cola,\n de grande poder cortante. \n \n De acordo com a delegada da Deaij Maria de Lourdes Cano, as\n operações acontecem em diferentes bairros da Capital. Nas ações são feitas\n abordagens explicativas e instrutivas com crianças, adolescentes e até mesmo\n pais, que em alguns casos incentivam a prática do uso do cerol. O uso do produto\n é considerado crime e pode ocasionar acidentes e óbitos, principalmente em\n pedestres, motociclistas e ciclista. “As pessoas na maioria das vezes sabe do\n perigo de se utilizar o cerol. Se esta linha arrebentar e cair, mesmo longe de\n quem está soltando, há possibilidade sim de cortar ou ferir uma pessoa”,\n explica. \n \n Levantamento \n \n Um levantamento da Deaij mostra que a última morte em decorrência\n desta prática foi registrada em 2009.\n A partir desta data, as ações de fiscalização ficaram\n mais intensas com objetivo de coibir e diminuir o uso do cerol. “Embora ainda\n existam pessoas que utilizem o cerol, o resultado das ações é positivo. Cerca\n de cinco pessoas mensalmente são atendidas vítimas do cerol”, comenta a\n delegada. \n \n Nos bairros da região norte as operações tem ocorrido com mais\n intensidade, na saída para Sidrolândia os casos de uso de cerol são mais\n frequentes, de acordo com levantamentos da Deaij. “Na Capital em 2011 foram\n efetuadas 300 apreensões por uso de cerol e cerca de duas mil operações específicas\n no combate ao uso de cerol. Neste período de férias intensificamos as\n fiscalizações que aumentaram cerca de 40%. Desde o início deste ano, até agora,\n a polícia realizou uma média de 40 apreensões”, contabilizou Maria de Lourdes. \n \n Ações \n \n Maria de Lourdes lembra que nas investigações de outros delitos,\n realizadas pela Polícia Civil, também estão sendo feitas abordagens de pessoas\n no combate específico ao uso de cerol, conduzindo esses praticantes às\n delegacias da polícia. “Os comerciantes que vendem estas linhas também estão\n sendo fiscalizados e podem responder criminalmente pela venda deste produto”,\n esclarece a delegada. \n \n “As pessoas que soltam pipa com cerol estão sujeitas a responder\n pelo crime de exposição em risco a vida ou a integridade física de terceiros,\n previsto no Código Penal Brasileiro. Além disso, em caso de acidentes, o crime\n passa a ser de tentativa de homicídio e, em caso de morte, de homicídio doloso,\n quando se assume o risco de matar”, completa Maria de Loudes. \n \n Prevenção \n \n Ações preventivas com palestras e oficinas nas escolas públicas e\n particulares fazem parte das atividades desenvolvidas pela Polícia Civil com\n objetivo de repreender e orientar a população. “Pais e familiares participam de\n nossas palestras, onde as crianças explicam o que aprenderam nas oficinas. É\n uma forma mais contundente de abordagem para que as pessoas entendam a\n gravidade do uso do cerol, no contato direto com a sociedade a conscientização\n é maior”, comenta a delegada. \n \n Cerol \n \n O Ialf (Instituto de Análises Laboratoriais Forense) de Mato\n Grosso do Sul realizou uma pesquisa em 2010 para analisar o poder de corte da\n mistura do pó de vidro e cola usada para empinar pipas, conhecida como cerol. \n \n De acordo com o perito criminal Evandro Rodrigo Pedão, a pesquisa\n detectou que existe uma disputa entre os adolescentes que transformam a\n brincadeira de soltar pipa em uma arma letal. O objetivo ao soltar as pipas é\n cortar a linha de outra pessoa, permanecendo assim somente uma pipa no ar. \n \n A pesquisa mostra que o principal componente para produção do\n cerol é o vidro. O processo de confecção da mistura começa com a transformação\n do vidro em pó, utilizando um pedaço de pau e um recipiente para moer, em\n seguida é acrescentado cola. A mistura é passada na linha com as mãos e sem\n proteção alguma. O que já oferece perigo no manuseio. \n \n Em alguns casos o vidro é substituído por limalha de ferro, o que\n pode provocar choques elétricos, principalmente durante uma tempestade ou com o\n contato de fios de alta tensão. A polícia disponibiliza um telefone para que a\n população faça denúncia da utilização do uso do cerol: (67) 3318-9000.\n \n \n \n