Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Polícia
23/10/2024 06:26:00
Polícia Federal faz devassa na prefeitura do 'mais louco do Brasil'
Agentes da Polícia Federal recolheram documentos na prefeitura de Ivinhema em busca de provas relativas a suposto superfaturamento na compra de merenda escolar

CE/PCS

Imprimir

Reeleito com 81,3% dos votos no dia 6 de outubro, o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que se diz o “mais louco do Brasil”, foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta terça-feira (22) por conta de suposto superfaturamento na compra de merenda escolar.

Agentes da Polícia Federal, que ainda não haviam divulgado informações oficiais até a publicação desta reportagem, recolheram documentos na sede da prefeitura em busca de evidências que possam comprovar supostas irregularidades apontadas por um relatório da Controladoria Geral da União (CGU).

A operação foi acompanhada por auditores da CGU e uma sala da Polícia Civil foi requisitada para que os agentes da PF tomassem o depoimento de servidores que tiveram relação com a licitação que está sob suspeita.

De acordo com esse relatório, o superfaturamento ocorreu na compra de itens como carne bovina, carne de frango, ovos, pão, leite e outros alimentos destinados à merenda escolar. O sobrepreço chega à casa dos R$ 225 mil.

Enquanto os supermercados de Ivinhema consultados pela CGU cobravam, em média, R$ 33,99 pelo quilo da carne bovina nas especificações contidas no edital, o município pagou R$ 44,90 pelo produto, resultando em uma diferença de R$ 10,91 por quilo.

Como foram adquiridos 9 mil quilos de carne durante o período analisado, o sobrepreço na compra de carne bovina foi de R$ 98.190,00.

Além disso, houve sobrepreço, com posterior superfaturamento, na compra de pão francês. A prefeitura pagou R$ 16,20 pelo quilo do pão, enquanto o preço estipulado no Diário Oficial, que deveria ser seguido, era de R$ 10,61, gerando uma diferença de R$ 61.490,00 em recursos públicos repassados pelo governo federal.

“Houve prática de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual no Pregão Eletrônico nº 21/2022 no valor apurado de R$ 224.955,00 (R$ 155.515,00 em favor da C E G de Matos EIRELI e R$ 69.440,00 em favor da B A Marques LTDA), o equivalente a 20% do valor da amostra (10 itens de maior materialidade financeira — 81,03% do valor total adjudicado)”, apontou trecho do relatório da CGU.

A prefeitura de Ivinhema não ofereceu qualquer explicação ao órgão federal de controle sobre as inconsistências encontradas.

O sobrepreço foi identificado nos seguintes itens:

• 12 mil quilos de frango: sobrepreço de R$ 14,1 mil;
• 12 mil litros de leite pasteurizado: sobrepreço de R$ 17,4 mil;
• 3 mil litros de óleo de soja refinado: sobrepreço de R$ 12,4 mil;
• 3 mil quilos de feijão carioquinha tipo 1: sobrepreço de R$ 2,1 mil;
• 3 mil dúzias de ovos de galinha brancos: sobrepreço de R$ 1,4 mil;
• 2 mil quilos de cenoura: sobrepreço de R$ 15,3 mil;
• 2,5 mil quilos de repolho: sobrepreço de R$ 10,025 mil;
• 9 mil quilos de carne bovina: sobrepreço de R$ 98,1 mil;
• 11 mil pães franceses: sobrepreço de R$ 14,1 mil.

Em contrapartida, o município pagou um item com preço abaixo da média de mercado: R$ 7,6 mil pela compra de 6 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango.

Digital influencer

Nas redes sociais, Juliano Ferro é conhecido como “o prefeito mais louco do Brasil”. No Instagram, por exemplo, tem 767 mil seguidores.

Esta não foi a primeira vez a ser alvo da Polícia Federal. No último dia 3 de setembro, prestou depoimento em uma investigação por suposta omissão de informações à Justiça Eleitoral.

Nas redes sociais ostentava a posse de duas caminhonhetes, avaliadas em R$ 800 mil, mas na declaração de bens à Justiça Eleitoral elas não apareciam. Em seu depoimento, Juliano Ferro declarou que não estavam em seu nome por isso não as declarou.

Uma destas caminhonetes, uma Silverado avaliada em R$ 519 mil, ele comprou em janeiro do ano passado de Luiz Carlos Honório, comerciante preso em 8 de agosto por envolvimento com o narcotráfico internacional de drogas.

Juliano Ferro estava com a caminhonete fazia quase um ano, mas até agora ela não estava paga. Em depoimento à PF disse que quitaria um cheque de R$ 380 mil em janeiro de 2025. O dinheiro para isso viria da venda de rifas. Atualmente o digital influencer está oferecendo números para sortear um Landau antigo.

Em uma segunda operação da PF, no dia 15 de outubro, esta caminhonete acabou sendo apreendida. O “mais louco do Brasil”, porém, informou que já havia vendida e a apreensão não ocorreu em sua residência.

Esta residência à qual ele se referiu também foi comprada do mesmo traficante e foi apreendida na operação da PF dia 8 de agosto. A casa foi comprada em fevereiro de 2021 e até agora não havia sido registrada em nome do prefeito. Por conta disso, foi apreendida porque, em tese, ainda pertencia ao homem preso por tráfico.

(Colaborou Eduardo Miranda)

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias