\n \n A polícia paraguaia deteve um homem de 26 anos, suspeito de\n participação no assassinato do jornalista Carlos Manuel Arataza Mereles, de 45\n anos, assessor de imprensa da Governadoria do Departamento de Amambay. \n \n Agentes da Polícia Nacional de Amambay confirmaram ao ABC Color\n que prendeu o homem, encaminhado à delegacia. \n \n Segundo informações do subcomissário Aldo Escobar à Rádio Ñanduti,\n o homem detido já tinha antecedentes por tentativa de homicídio, no ano de\n 2007. \n \n Escobar explicou, ainda, que até o momento, apesar dos indícios,\n não se pode confirmar que o homem detido tenha matado. \n \n Ele foi identificado e preso depois de ter sido flagrado por\n câmera de um circuito fechado de estabelecimento localizado na vizinhança onde\n ocorreu o crime, explicou o chefe de polícia. \n \n RETROSPCETIVA \n \n O jornalista paraguaio Carlos Manuel Arataza Mereles, de 45 anos,\n foi assassinado com cinco tiros na noite de quarta-feira (24 de abril), na\n cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, gêmea de Ponta Porã, no Brasil. Além\n da fronteira seca, as duas cidades mostram que parte de seus moradores\n compartilham da mesma forma de resolver diferenças com jornalistas: uma moto,\n dois pistoleiros e muitos tiros. \n \n O jornalista paraguaio morreu sem ver a polícia brasileira\n apresentar o nome dos executores e do mandante da morte do seu colega\n brasileiro, Paulo Rocaro, assassinado há mais de um ano, em Ponta Porã. \n \n Os sucessivos assassinatos de jornalistas na fronteira entre o\n Brasil e o Paraguai mostram que a região é como uma “faixa de Gaza”, um lugar\n onde o Estado brasileiro é ineficiente e fraco; uma porção do país onde a Lei\n ainda é a do mais forte e as coisas são resolvidas à bala. \n \n O Governo Federal do Brasil vem promovendo ações e anunciando investimentos\n em segurança de fronteira, como, por exemplos, o Gabinete de Gestão Integrada\n (GGI) e o Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron). Os efeitos dessas\n ações e desses investimentos não estão sendo sentidos na região, ao menos não\n pelos jornalistas. \n \n De acordo com a Força Nacional do Paraguai, os motivos do\n assassinato de Carlos Mereles ainda são desconhecidos, assim como ainda são\n desconhecidos (ao menos pela sociedade brasileira) os responsáveis pela morte\n do jornalista Paulo Rocaro, ou a do seu sucessor à frente do jornal da Praça,\n Luis Henrique Georges, assassinado também em Ponta Porã, em 4 de\n outubro passado. \n \n Mereles atuava como assessor de imprensa da Governadoria do\n Departamento de Amambay, com sede em Pedro Juan. Paulo\n Rocaro era editor-chefe do Jornal da Praça e diretor de um portal de notícias em Ponta Porã. \n \n O assassinato de jornalistas não é exclusividade da fronteira\n entre o Brasil e o Paraguai. Em Ipatinga-MG, o repórter fotográfico do jornal\n Vale do Aço, Walgney Assis Carvalho, foi executado no dia 14 de abril, pouco\n mais de um mês depois da morte do seu colega de jornal, Rodrigo Neto, morto de\n forma semelhante: pistoleiros em uma motocicleta. \n \n Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investgativo\n (Abraji), a morte dos jornalistas mineiros causou comoção e mobilização por\n parte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que anunciou que vai\n acompanhar as investigações do crime. Na fronteira em MS, a sociedade ainda\n espera que a voz do Estado diga alguma coisa sobre a morte dos jornalistas\n sul-mato-grossenses. \n \n Ainda segundo a Abraji, já são três jornalistas\n assassinados no Brasil em 2013, contra quatro em 2012 inteiro. Para a Abraji, a\n “impunidade serve de estímulo a ações como essas, em que o executor tem por\n objetivo calar a imprensa executando um jornalista”.\n \n \n \n \n