Veja/PCS
ImprimirUm dia depois de deixar o comando do Ministério do Planejamento após ser flagrado em conversa em que sugere um pacto para conter a Operação Lava Jato, Romero Jucá (PMDB-RR) circulou normalmente no Congresso Nacional nesta terça-feira.
Pela manhã, o peemedebista foi ao microfone para se defender, disse que não cometeu nenhuma irregularidade e afirmou estar "muito tranquilo". Tamanho era o conforto de Jucá que ele ocupou a tribuna do plenário durante a votação dos vetos presidenciais, sentando-se ao lado do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Aliados da presidente afastada Dilma Rousseff atacaram Jucá - que logo foi defendido por seus colegas, entre eles o próprio Renan Calheiros.
A confusão começou quando a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) dedicou sua fala para dizer que a posição de Jucá no posto de destaque da tribuna era um "acinte" e que causava "incômodo" no plenário. "Devia pelo menos ter a capacidade de se recolher", afirmou a parlamentar, que é uma fiel aliada de Dilma.
O ministro por 12 dias no governo interino de Michel Temer foi defendido pelo deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), que lembrou que Jucá é segundo vice-presidente do Congresso, e pelo líder do PHS, Givaldo Carimbão. "Acho que dá para fazer política com grandeza. Não dá para ser dessa forma", disse, criticando a deputada do PCdoB.
Renan Calheiros também entrou na confusão e mirou no ex-ministro de Dilma Aloizio Mercadante, também flagrado em áudio tentando barrar a Lava Jato, conforme VEJA revelou. "O deputado Carimbão estranhou a proporcionalidade. Ele não viu a senhora ter a mesma proporcionalidade de veemência no caso do ministro Aloizio Mercadante. [A senhora] não falou com a força que falou no caso do senador Romero Jucá", disse o presidente do Congresso, provocando gritos de apoio no plenário.
A sessão, em seguida, foi retomada. Deputados e senadores analisam vetos que trancam a pauta do Congresso e impedem a votação da revisão da meta fiscal, que é prioridade de Michel Temer. A intenção de aliados do presidente interino é votar a medida ainda nesta terça-feira.
Áudio
Jucá foi flagrado em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, afilhado político de Renan Calheiros e alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal junto com o presidente do Congresso. No diálogo, Jucá sugeriu que uma possível mudança no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" feita pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. A gravação derrubou o peemedebista do Ministério do Planejamento.