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Política
24/04/2016 10:58:00
Após reunião, Meirelles diz que Temer tem visão 'correta' da economia

G1/LD

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Após reunião com o vice-presidente Michel Temer, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou neste sábado (23) que foi chamado no Palácio do Jaburu para fazer uma avaliação do cenário econômico do país.

Ele disse que não houve conversa sobre cargos num eventual governo Temer, mas se disse disposto a "aconselhar" o vice e destacou que ele tem uma visão "correta" da economia.

"Certamente, como sempre estou disposto a aconselhar, dar minha opinião. Pelas perguntas que ele fez, está com visão correta e adequada. O que é muito positivo", afirmou.

Perguntado se estaria disposto a assumir o Ministério da Fazenda, caso o impeachment da presidente Dilma Russeff seja aprovado, o ex-presidente do BC frisou que não fala sobre "hipóteses".

"Eu não trabalho sobre hipóteses, trabalho sobre coisas concretas. Não tratamos sobre esse tipo de coisa", afirmou.

Segundo Meirelles, Temer está "interessado num diagnóstico da economia brasileira". "Como ele tem conversado com outros administradores e economistas, dei a ele minha visão. O que acontecerá, o que devia ser feito, o que pode ser feito. Ele não se manifestou sobre esses diversos assuntos, porque está aguardando o pronunciamento do Senado. E a partir daí, aí sim, acredito que irá se manifestar", disse.

O ex-presidente do Banco Central também opinou sobre as medidas emergenciais para debelar a crise econômica do país. Para ele, a prioridade deve ser demonstrar, de forma clara, a intenção do país em reduzir a dívida pública.

"Adotar medidas que sinalizem que a trajetória de crescimento da dívida pública vai ser revertida e, a partir daí, com aumento da confiança, os investimentos possam aumentar", afirmou.

"Os mercados tenderão a reagir a medidas concretas, medidas que sinalizem a sustentabilidade do Estado brasileiro a longo prazo, e a uma séria de medidas pró-investimento, dentro de experiências que o Brasil teve e já tem e de experiências de outros países", completou.

O presidente interino do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que Temer está conversando com vários economistas para poder dar uma resposta "rápida" ao país, caso assuma a Presidência. Ele destacou, porém, que não foram feitos convites para cargos ou ministérios.

"Se o senado decidir pelo afastamento, o vice-presidente precisa estar pronto para responder rapidamente ao país. Essas conversas estão acontecendo, mas sempre respeitando o que decidirá o Senado. Não há nenhum ministro convidado", disse.

Perguntado se Meirelles era um nome possível para o Ministério da Fazenda, Jucá desconversou. "Existem várias possibilidades. Tem muitos economistas bons no país. Não tem definição", disse.

Reuniões

Além de Meirelles, participaram da reunião com Temer o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente interino do PMDB, senador Romero Jucá (RR).

Na tentativa de deixar uma equipe pronta, para o caso de assumir a Presidência da República, Temer tem se reunido com ex-ministros e personalidades do meio econômico e político, como o ex-ministro da Fazenda Delfim Neto, e o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes.

Nos últimos dias, o vice-presidente também iniciou uma ofensiva na mídia internacional, para responder à estratégia de Dilma de associar o impeachment a um golpe de Estado. A presidente deu entrevistas à imprensa nacional e estrangeira em visita Nova York, para dizer que pode acionar o Mercosul caso haja “ruptura” com ordem democrática.

Ao jornal “The Wall Street Journal”, Temer disse, entre outros assuntos, que é "obviamente desagradável" ser acusado por Dilma de chefiar um "golpe de Estado" e defendeu a legalidade do processo de impeachment.

Já em entrevista ao "The New York Times" o vice afirmou que está "muito preocupado" com a tese da presidente da República de que há um "golpe" no Brasil em razão do processo de impeachment que ela enfrenta na Câmara dos Deputados.

Nesta sexta (22), Temer afirmou que resolveu falar à imprensa estrangeira porque as falas sobre “golpe” desqualificam o Brasil.

“Aquilo, fui provocado para aquelas entrevistas e achei que deveria dizer alguma coisa à imprensa internacional já que houve manifestações em relação à imprensa internacional.

Especialmente, pretendendo desqualificar a minha posição. Aí, não é uma coisa do vice-presidente, é uma coisa do Brasil. Acho que o Brasil não merece desqualificação por meio de eventuais agressões à Vice-presidência", enfatizou o vice-presidente.

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