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ImprimirA presidente Dilma Rousseff recebeu, na tarde desta segunda-feira, apoio de prefeitos de 14 capitais, que assinaram uma carta em repúdio ao processo de impeachment. O documento foi entregue à presidente durante reunião no Palácio da Alvorada. Seis prefeitos, entre eles Alcides Bernal (PP) participaram do encontro.
Embora tenham assinado o manifesto, os prefeitos de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), e de São Paulo, Fernando Haddad (PT) alegaram problemas de agenda e não compareceram.
A carta diz que Dilma Rousseff tem demonstrado "retidão institucional e compromisso público no exercício de suas funções" e que a análise do pedido de afastamento da presidente pela Câmara dos Deputados se "inicia eivada de vícios". Segundo o documento subscrito pelos prefeitos, "não há atos ou fatos que respaldem o início de um processo dessa natureza". A peça, segundo a carta, "se apoia em ilações e suposições que tentam sem consistência jurídica imputar responsabilidade à presidenta".
Ao falar com jornalistas, ao final da reunião com Dilma, Paes criticou de forma dura o processo de impeachment e classificou o momento que o país atravessa como uma "loucura política" e um "desrespeito a democracia". Para ele, o impedimento da presidente é "absolutamente sem sentido" e ocorre de forma "estapafúrdia".
- Você tem um grupo de parlamentares na Câmara dos Deputados, que também não emociona ninguém, querendo "apear" a presidente Dilma do poder. Não é uma discussão eleitoral, é uma discussão institucional - afirmou Paes. - O que se está avaliando é se a presidente cometeu crime de responsabilidade. Até aqueles que não gostam da presidente sabem que isso não ocorreu.
Questionado se isso era uma crítica direta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também do seu partido, respondeu que não ia "personificar".
- Quero crer que não há ninguém, ou pelo menos a maioria do PMDB, que esteja voltado para essa tentação de tomar poder que não pelo voto popular. Todos defendemos que PMDB tenha candidato próprio a 2018. Se vencer nas urnas, o PMDB estará na Presidência. Até lá, Dilma foi eleita.
Além de Bernal, encontraram-se com Dilma na tarde desta segunda-feira os prefeitos do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB-RJ); Palmas, Carlos Enrique Franco Amastha (PSB); de Macapá, Clécio Luís Vilhena Vieira (sem partido); de Fortaleza, Roberto Claudio Rodrigues Bezerra (PDT); e de Goiânia, Paulo Garcia (PT). Dois ministros acompanharam a reunião, Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria-Geral da Presidência).
Único petista presente na reunião, Garcia declarou que outros presidentes não puderam participar do encontro porque a articulação aconteceu de forma rápida. Ele disse que recebeu um telefonema de Paes na semana passada em que foi feito o convite para que ele falasse com alguns prefeitos.
Fortunati, um dos articuladores do encontro, perdeu o voo que saía de Porto Alegre e não pôde ir à reunião. A presidente Dilma chegou a ligar para Fortunati, pedindo sua presença, mas a viagem não foi possível. Já Haddad foi convidado por Paes neste domingo e pretendia sair de São Paulo às 15h. O prefeito da capital paulista, porém, seria ouvido pela CPI dos Maus-Tratos a animais no seu gabinete. Como a agenda demorou a começar, cancelou a viagem a Brasília.
Antes de se despedir dos prefeitos, segundo Garcia, a presidente Dilma fez um apelo aos políticos:
- Um colega nosso perguntou: 'O que a senhora quer que a gente faça?' E ela respondeu: 'Defendam a democracia. Não peço que façam minha defesa pessoal' - contou o prefeito goiano.
A carta entregue pelos prefeitos diz ainda que "as dificuldades pelas quais passa o Brasil não serão superadas a partir do desrespeito à ordem constitucional". Segundo eles, "um processo com essas características fere e desestabiliza o País". Por fim, os políticos dizem que o debate deve se apoiar no "resultado das urnas nas últimas eleições."