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ImprimirO ex-governador Sérgio Cabral e a esposa, Adriana Ancelmo, vão prestar depoimento mais uma vez na sede 7ª Vara de Justiça Federal, no Rio de Janeiro, na tarde desta segunda-feira (23).
O juiz Marcelo Bretas vai ouvir ambos sobre como o dinheiro oriundo de esquemas de corrupção seria lavado, de acordo com investigações, na compra de joias para Adriana.
Em depoimentos anteriores, Adriana reconheceu que recebia presentes da loja de joias H. Stern, sem saber como eram pagos. A advogada, no entanto, afirmou que pode ter recebido joias para "publicidade".
O juízo também irá determinar se Cabral era o comandante de uma quadrilha que desviava dinheiro público. Sobre isso, prestarão depoimento também Carlos Miranda e Luiz Carlos Bezerra, apontados pelo Ministério Público Federal como doleiro e operador financeiro do esquema de Cabral.
Na última semana, Cabral foi condenado pela terceira vez no ensejo da Operação Lava Jato. o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, o condenou a 13 anos de reclusão, em regime fechado, pelo crime de lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Mascate.
Somadas as três sentenças, Cabral tem 72 anos de prisão para cumprir, se as penas forem mantidas em outras instâncias. O ex-governador está preso desde novembro do ano passado e foi alvo de duras críticas do juiz Bretas na sentença.
"Como agente político, desviou-se de suas nobres atribuições conferidas por voto popular para se dedicar a práticas delituosas reiteradas por anos, beneficiando-se do dinheiro público desviado e branqueado por sua organização criminosa, revelando dolo intenso no seu agir. (...) Ainda que não se possa afirmar que o comportamento deste condenado seja o responsável pela excepcional crise econômica vivenciada por este Estado, é indubitável que os episódios de corrupção tratados nestes autos diminuíram significativamente a legitimidade das autoridades estaduais na busca para a solução da crise atual", escreveu o magistrado.
As 3 condenações:
Lava Jato em Curitiba: condenado pelo juiz Sérgio Moro a 14 anos de prisão
Calicute: condenado por Marcelo Bretas a 45 anos de prisão
Mascate: condenado por Bretas a 13 anos de prisão
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Além dele, também foram condenados os operadores de Cabral, Ary Ferreira da Costa Filho, a 9 anos e 4 meses de prisão, e Carlos Miranda, a 12 anos de prisão.
Sobre Ary Filho, Marcelo Bretas ressaltou que, mesmo sendo funcionário público bem remunerado, "preferiu dedicar-se a atividades ilícitas em série, cuja natureza e gravidade das quais tinha total conhecimento".
Já Miranda é descrito na sentença como um homem de "ambição desmedida", que não ocupava cargo ou função pública mas, ainda assim, "tinha total conhecimento da natureza criminosa e da gravidade desses fatos relacionados ao recolhimento de propinas pagas a organização criminosa liderada pelo então Governador do Estado e modo como deveria branquear esse dinheiro".