Sábado, 23 de Novembro de 2024
Política
19/08/2013 09:00:00
CPI da Saúde da Assembleia chega a 90 dias sem ouvir pivô do escândalo
Além disso, a CPI não reconvocou a ex-secretaria Beatriz Dolbashi, apesar de haver contradições entre o seu primeiro depoimento, dia 17 de junho, e a divulgação de escutas telefônicas na televisão

CGNews/PCS

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Foto: MSRecord
\n Prestes a completar 90 dias de atuação e faltando mais 30 para concluir seus trabalhos, caso não peça prorrogação, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa do Estado ainda não ouviu o principal pivô do escândalo que a originou, conhecido como “Máfia do Câncer”, o médico Adalberto Siufi.
Nesse aspecto, a CPI da Saúde da Câmara de Campo Grande está à frente nas investigações, já tendo ouvido pelo menos uma vez o médico, que é acusado de armar um esquema de evitar o tratamento de câncer na rede pública para beneficiar sua empresa particular, a Neorad. Adalberto Siufi foi convocado, inicialmente, para depor no dia 1º de agosto, mas houve adiamento em razão de uma viagem para os Estados Unidos. Uma certidão da Justiça Federal garante a Adalberto Siufi, ex-diretor do Hospital do Câncer, a possibilidade de viajar para os Estados Unidos para visitar familiares e participara de um congresso médico, entre os dias 30 de julho e 13 de agosto, confirmando decisão da Justiça Estadual. O presidente da CPI, deputado Amarildo Cruz, chegou a marcar o depoimento para 13 de agosto, mas também não aconteceu. Além disso, a CPI não reconvocou a ex-secretaria Beatriz Dolbashi, apesar de haver contradições entre o seu primeiro depoimento, dia 17 de junho, e a divulgação de escutas telefônicas na televisão, levantando suspeitas sobre o interesse da ex-secretária em beneficiar a rede particular em Campo Grande. O presidente da CPI, deputado Amarildo Cruz (PT), chegou a informar que haveria nova convocação, argumentando o que foi divulgado pela imprensa comprovou depoimento “contraditório” à comissão. Até agora nada. Criada no dia 23 de maio deste ano, além de Beatriz Dolbashi, a CPI da Saúde já colheu depoimentos do secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca; do presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, e dos ex-diretores do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, e do Hospital Regional de Campo Grande, Ronaldo Perches Queiroz, do ex-secretário municipal de Saúde da Capital Leandro Mazina. Também foram ouvidos os ex-integrantes da Junta Interventora da Santa Casa, Antônio Lastória, Nilo Sérgio Laureano Leme e Issan Moussa, além de gestores e conselheiros municipais de saúde nas cidades de Dourados, Coxim e Aquidauana. Em Campo Grande, os deputados visitaram o Centro Regional de Saúde Nova Bahia (Dr. Guinter Hans), a Unidade Básica de Saúde do Nova Bahia, a Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino (Dr. Walfrido Azambuja de Arruda), o Centro Regional de Saúde das Moreninhas III (Dr. Marcílio de Oliveira Lima), o Centro Regional de Saúde do Aero Rancho (Dr. João Pereira da Rosa) e a Central de Regulação do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência). A CPI já recebeu também muitas denuncias, mas poucas delas com confirmação. Uma delas levou os parlamentares a conhecer a Central de Regulação do Samu, pois havia denúncia de sucateamento de viaturas. Porém, ficou comprovado que a estrutura e as viaturas estão em ótimas condições. O coordenador do Samu em Campo Grande, Luiz Antonio Moreira da Costa, afirmou aos deputados que hoje a frota na Capital é de 20 viaturas. A falta de foco e a preferência de depoimentos de autoridades têm gerado desentendimentos entre os próprios integrantes da CPI da Saúde da Assembleia. Em meados de junho, um dos integrantes da comissão, deputado Lauro Davi (PSB), fez duras críticas aos encaminhamentos. Para ele, a comissão deve buscar denúncias com trabalhadores e usuários e não ficar apenas “ouvindo” gestores de saúde. Novos depoimentos - Nesta segunda-feira, os deputados da CPI da Saúde estão em Paranaíba e vão amanhã (20/8) para Três Lagoas, para investigar possíveis irregularidades nos repasses do SUS (Sistema Único de Saúde). Os depoimentos são colhidos na Câmara Municipal das cidades correspondentes, das 14h às 19h. Para próxima quinta-feira (22), a CPI convocou mais duas autoridades do setor de saúde, o diretor-presidente do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Cláudio Wanderley Saab, e o presidente do CRM/MS (Conselho Regional de Medicina), Luiz Henrique Mascarenhas. O primeiro, Cláudio Saab, já avisou que não vai à oitiva, alegando que já tem compromissos em Goiânia e Brasília. Em balanço feito recentemente da tribuna da Assembleia Legislativa, o presidente da CPI apontou como um dos principais problemas na gestão da saúde em Mato Grosso do Sul o mau uso de recursos. “Os trabalhos da CPI já apontam que os problemas não são apenas poucos recursos, mas o mau uso e a má administração destes recursos. Além de sugerir ações para melhorar a saúde no Estado, a comissão irá apontar as irregularidades e quem as cometeram”, afirmou Amarildo Cruz. A CPI tem 120 dias para apurar as possíveis irregularidades, podendo ser prorrogada por mais dois meses. Para ajudar no trabalho de investigação, os deputados decidiram criar o e-mail cpisaude@al.ms.leg.br para que as pessoas pudessem denunciar irregularidades nas unidades hospitalares. Também foi criada a fan page CPI da Saúde em MS. A Comissão é composta pelos deputados Amarildo Cruz - presidente, Lauro Davi (PSB) - vice-presidente, Junior Mochi (PMDB) - relator, Mauricio Picarelli (PMDB) - vice-relator e Onevan de Matos (PSDB) – membro. \n \n
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