G1/LD
ImprimirApós a notícia sobre a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS), a presidente Dilma Rousseff convocou nesta quinta-feira (3) uma reunião com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), seus principais conselheiros políticos no governo.
Delcídio foi preso pela Polícia Federal no ano passado por suspeita de tentar obstruir o andamento das investigações da Operação Lava Jato. No mês passado, ele foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na delação, o senador fez acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma, conforme revelou edição da revista "IstoÉ" que circula nesta quinta-feira (3). Ele disse que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras e que Dilma agiu para interferir na Lava Jato.
A TV Globo confirmou que o acordo foi assinado, mas que ainda não está homologado porque um dos pontos foi objeto de questionamento e ainda está sendo ajustado.
O encontro entre Dilma e os ministros foi convocado pela presidente logo após ela dar posse, em cerimônia no palácio, aos novos ministros Wellington Silva (Justiça), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) e Luiz Navarro (Controladoria-Geral da União).
Ao deixar o evento, antes de seguir para a reunião com Dilma, o novo chefe da AGU avaliou que o acordo de delação de Delcídio pode ser uma “retaliação” ao governo. Logo após a prisão do senador, o PT, partido do qual ele teve sua filiação suspensa, divulgou uma nota afirmando que as suspeitas sobre Delcídio não têm relação com a atividade partidária dele.
Situação de Delcídio
Delcídio ficou 87 dias presos acusado de tentar dificultar a delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, sobre uma suposta participação do senador em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A prova da tentativa de obstrução é uma gravação feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, que mostra Delcídio oferecendo fuga para o ex-diretor não fazer a delação.
No pedido de prisão, a procuradoria afirma que Delcídio chegou também a oferecer R$ 50 mil mensais para o ex-diretor não citar seu nome na delação premiada.
O senador está afastado temporariamente do PT. O partido decidiu mantê-lo afastado, sem expulsá-lo, até o parlamentar apresentar uma defesa à sigla e o caso ser analisado internamente. Uma comissão com três integrantes vai elaborar um relatório com base na defesa que Delcídio apresentará.
Juristas ouvidos pelo G1 informaram que, se a delação não for homologada, Delcídio não receberá benefícios, como a redução de pena. Mas tudo o que ele disse nos depoimentos, como as acusações a terceiros, indicações de provas, relatos de conversas, continuará valendo e será objeto de investigação e poderá ser considerado em julgamento.
O que dizem os citados na delação
O G1 fez contato com a assessoria da Presidência da República, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
O Instituto Lula divulgou nota com o seguinte teor: "o ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela Operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo".