O globo/LD
ImprimirO ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, escreveu uma carta para rebater as acusações feitas pelo ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, em relação ao tríplex do Guarujá.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro em abril de 2017, Pinheiro disse que o imóvel pertencia ao ex-presidente Lula e que o acordo para que o apartamento ficasse com o petista foi intermediado por Vaccari em meio a um encontro de negociação de propinas entre a OAS e o PT.
— O Vaccari me orientou o seguinte: “Quanto ao problema do triplex, é melhor você procurar o presidente, ele já está atuando no instituto, você pedir um encontro com ele, saber dele exatamente o que deveria ser feito” — disse.
Na carta, protocolada pela defesa do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Vaccari diz que a OAS fez apenas doações legais ao PT, sem qualquer contrapartida.
"Tudo registrado contabilizado e apresentado para a fiscalização da Justiça Eleitoral", explicou. "Não é verdade o que declarou Léo Pinheiro em seu depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas a contratos desta empresa com a Petrobras".
Léo Pinheiro afirmou que a empreiteira tinha uma conta-corrente de propina com o partido, negociada rotineiramente com Vaccari. Segundo o ex-presidente da OAS, os gastos feitos no tríplex teriam sido abatidos dos valores devidos ao partido.
A acusação, no entanto, é rejeitada por Vaccari.
"Nunca tive qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propinas. Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado em nome do ex-presidente Lula o recebimento do tríplex do Guarujá como pagamento de vantagens indevidas", afirma Vaccari na carta.
O tríplex fica em um edifício construído inicialmente pela Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), presidida por Vaccari. Em razão de problemas financeiros, no entanto, o empreendimento foi entregue à OAS.
O documento foi assinado por Vaccari com a data de 7 de fevereiro. Segundo a defesa do ex-presidente Lula, a declaração de Léo Pinheiro de que se encontrou com Vaccari diversas vezes para a negociação do pagamento de propinas ao PT não foram provados. Os advogados reclamam que o ex-tesoureiro não foi convocado para depor após o interrogatório do executivo. No pedido aos desembargadores, os advogados pediram a absolvição do ex-presidente.
Advogado de Léo Pinheiro, José Luis Oliveira Lima afirmou que os esclarecimentos de Léo Pinheiro e os documentos que juntou ao processo comprovam a veracidade de suas declarações.
"É no mínimo estranho, que passado tanto tempo do interrogatório de Léo Pinheiro e da condenação do ex-presidente só agora seja apresentado esse documento", afirmou.