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ImprimirA ex-mulher de Orlando Diniz, ex-presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) preso na operação Lava Jato, contou ao Ministério Público Federal (MPF) que o advogado Roberto Teixeira, do escritório que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou R$ 10 milhões para defender Diniz na Justiça. Ela afirmou aos procuradores que parte do pagamento foi viabilizado pelo doleiro Álvaro Novis, ligado ao grupo do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral.
Danielle de Andrade, a ex-mulher de Diniz, afirmou ao MPF que a contratação de Roberto Teixeira foi aconselhada por outro advogado, amigo de Orlando Diniz. Este teria alegado, conforme o depoimento de Danielle, que o problema de Orlando era político e, por isso, deveria procurar Roberto Teixeira para mantê-lo na presidência do Sesc e Senac.
Orlando Diniz foi preso nesta sexta-feira (23) pela força-tarefa da Lava Jato no RJ na operação Jabuti. Ele é investigado por contratar escritórios de advocacia com verba pública federal do Sesc/Senac no valor de R$ 180 milhões. De acordo com o MPF, o escritório Teixeira, Martins e Advogados recebeu um total de R$ 68,2 milhões entre 2012 e 2017 da Fecomércio.
Danielle foi diretora jurídica e de governança do Senac. O advogado Roberto Teixeira não é investigado no caso mas, sim, os contratos elaborados pela Fecomércio durante a gestão de Diniz.
Segundo Danielle, Roberto Teixeira fez a proposta para honorários no valor de R$ 10 milhões, sendo que deveria ser feito um primeiro pagamento no valor de R$ 1 milhão em dinheiro e o restante ao longo de seis meses assim que o problema fosse resolvido. O MPF acredita que esses R$ 9 milhões restantes sairiam dos cofres da Fecomércio.
A Orlando Diniz, Roberto Teixeira disse, segundo Danielle de Andrade, que resolveria o problema em 15 dias. A primeira parcela de R$ 500 mil em dinheiro deveria ser entregue em São Paulo. Danielle diz ter "ficado nervosa", quando soube que a entrega havia sido viabilizada pelo doleiro Álvaro Novis, investigado por integrar o grupo criminoso do ex-governador Sérgio Cabral.
Álvaro Novis administrava uma conta de nome "Leblon" e que pertenceria a Orlando Diniz. Dessa conta, ele chegou a sacar R$ 500 mil em 6 de fevereiro de 2013.
"A conclusão de que os pagamentos mais vultosos, a partir de 2012 e até o início de 2017, passaram a ser os escritórios de advocacia totalizando quantias milionárias e aparentemente fora de qualquer padrão razoável, relembrando-se, com dinheiro proveniente de receitas públicas federais do Sesc e do Senac", explicou a força- tarefa da Lava jato na petição encaminhada à Justiça Federal.
Defesa dos envolvidos
Em nota, a assessoria do Teixeira, Martins amp;amp; Advogados informou que "presta serviços jurídicos à Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ), entidade privada de representação dos comerciantes daquele Estado, desde 2011 em caso de alta complexidade, como pode ser verificado nos sites do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal de Justiça, do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O escritório não comenta assuntos relativos aos seus clientes ou honorários advocatícios contratados, que são protegidos por sigilo legal. O escritório tomará todas as providências cabíveis em relação à divulgação e manipulação desses dados pelo Ministério Público Federal”.
Já a assessoria de Orlando Diniz informam que “as acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas. Ele vai esclarecer todos os pontos levantados pela PF e pelo MPF e o devido processo legal deve provar sua inocência. O comando nacional da Confederação Nacional do Comércio, dirigida desde 1980 pela mesma pessoa, tem interferindo indevidamente na entidade do Rio de Janeiro com a finalidade de se manter no poder".
De acordo com a nota, "as inverdades levantadas contra o grupo legitimamente eleito para dirigir a Fecomércio e o Sesc têm resultado na destruição de projetos importantes para a sociedade fluminense (como o investimento no esporte), no enfraquecimento do comércio no Estado e na desprofissionalização da Fecomércio, hoje controlada por interventores indicados politicamente. Orlando Diniz sempre colaborou com as investigações e esteve à disposição para esclarecimentos junto às autoridades.”