UOL/PCS
ImprimirO novo ministro da Cultura será Sérgio Sá Leitão, informou nesta quinta-feira (20) a Presidência da República.
"Com ampla e reconhecida experiência na área cultural, o Senhor Sergio Sá Leitão tem uma trajetória profissional que inclui, além de ser diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), ter ocupado a posição de Chefe de Gabinete do Ministério da Cultura durante a gestão do ex-Ministro Gilberto Gil e ter sido Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. O Senhor Sergio Sá Leitão traz agora sua experiência para o Ministério da Cultura", diz a nota.
Na diretoria da Ancine desde abril deste ano, Leitão é ligado ao ex-ministro da Cultura Roberto Freire (PPS), que deixou o cargo em 18 de maio, logo após a divulgação da delação da JBS.
Quem é?
Jornalista, Sérgio Sá Leitão foi secretário municipal de Cultura do Rio e presidente da Rio-Filme. No primeiro governo Lula, foi chefe de gabinete do então ministro da Cultura Gilberto Gil e secretário de Políticas Culturais da Pasta.
A nomeação de Leitão para a Cultura conta com o apoio do cineasta Cacá Diegues, de quem Temer é muito próximo e com quem o presidente conversou nas últimas semanas sobre a indicação. Cacá e outros artistas, como a atriz Suzana Pires e o cineasta Vladimir Carvalho, participaram da sessão da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado que aprovou a indicação de Leitão para a Ancine em abril.
Período conturbado
Após assumir a presidência, Michel Temer rebaixou o MinC (Ministério da Cultura) a uma parte vinculada ao Ministério da Educação, enfurecendo a classe artística. Protestos e pressão de diversos lados fizeram com que o peemedebista devolvesse o status de Ministério para a pasta.
O então secretário de Cultura municipal do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, aceitou a missão de comandar o MinC e permaneceu como ministro por seis meses, até criar desavenças com Geddel Vieira Lima, então homem de confiança de Temer.
Segundo Calero, o ex-ministro da secretaria de Governo o pressionou para que não interferisse na construção de um complexo imobiliário em Salvador. Em uma conversa gravada com Geddel, Eliseu Padilha (ministro-chefe da Casa Civil) e Temer, Calero comunicou que estava saindo do MinC.
Roberto Freire assumiu o cargo em novembro de 2016, e logo foi alvo de uma polêmica com o escritor Raduan Nassar, que acusou o governo de ser repressor e golpista. Freire foi um ferrenho defensor do impeachment de Dilma Rousseff e sofreu muitas críticas por parte da classe artística.
Seis meses após assumir o ministério, o pernambucano deixou o governo Temer em meios às acusações envolvendo o presidente e o empresário Joesley Batista, dono da JBS.
João Batista de Andrade ocupou a cadeira como ministro interino da Cultura em maio e permaneceu no governo menos de um mês. Em entrevista ao UOL, ele conta que se viu em uma "ciranda de nomes disputando o cargo".
O caldo azedou ainda mais após sua indicação à presidência da Ancine (Agência Nacional do Cinema) não ser aceita pela Presidência. Andrade indicou Debora Ivanov ao cargo, nome que contava com apoio do setor audiovisual, mas Temer nomeou Roberto Sá Leitão.